O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira (10) acreditar ser vítima de um “pacto quase diabólico” entre a mídia, o Ministério Público, a Polícia Federal e o juiz Sergio Moro, para incriminá-lo na Operação Lava Jato. A declaração foi dada durante o lançamento da campanha “Por Um Brasil para Todos e pra Lula”, que conta com a adesão de artistas, lideranças políticas e intelectuais.
No ato em São Paulo, que contou a presença de cerca de mil pessoas, foi lido em manifesto de defesa de Lula em relações às acusações que são feitas pela força-tarefa da Lava Jato. Os organizadores anunciaram que o texto já teve a adesão de, pelo menos, 600 pessoas.
Ao discursar, Lula foi duro nos ataques aos investigadores da Lava Jato, mas não chegou a citar nominalmente o juiz Sergio Moro.
“Eu penso que eles cometeram um pequeno erro: mexeram com a pessoa errada. Não tenho nenhuma preocupação de prestar contas à Justiça brasileira. Esse não é o meu problema, nem da minha família. O que eu tenho preocupação é quando vejo um pacto quase diabólico entre a mídia, a Polícia Federal, o Ministério Público e o juiz que está apurando todo esse processo”, disse ele.
O ex-presidente é réu em três ações relacionadas à Lava Jato. Duas das ações correm no Justiça Federal do Distrito Federal e uma em Curitiba.
“Não me sinto confortável participando de um ato da minha defesa. Eu me sentiria confortável participando de um ato de acusação à força-tarefa da Lava Jato, que está mentindo para a sociedade brasileira”, afirmou o líder petista, no início da sua fala.
“Procuradores da Lava Jato fazem mal ao MP”
Lula ainda acrescentou que os investigadores da Lava Jato fazem mal ao Ministério Público, “uma instituição que tem muita gente séria”, e à Polícia Federal, “que foi criada para defender o Estado brasileiro e não para permitir que delegados, comprometidos ideologicamente e politicamente com determinados partidos, façam falsas acusações”.
A fala do ex-presidente também teve como alvo a imprensa. “Gostaria de não estar aqui me defendendo, mas acusando o comportamento perverso dos meios de comunicação deste país, que mentem descaradamente”.
Lula ainda desafiou os investigadores apresentarem contra ele “uma prova concreta”. “Não vale dizer apenas que tem convicção, que acredita naquilo. Não aceito a ideia que a convicção vale como prova porque, se eu dissesse a convicção que tenho deles, vai ficar muito ruim para eles”, atacou o petista.
O ex-presidente falou de improviso as palavras mais duras, mas, em seguida, leu um discursos previamente preparado. “Eu tenho discurso por escrito porque preciso me policiar. Eu não posso dizer o que estou pensado e tenho vontade de falar”.
Por fim, Lula prometeu aos presentes “lutar até o fim para provar a sua inocência”.
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