Recife (AE) O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve ontem no Palácio do Campo das Princesas, no Recife, no velório do presidente do Partido Socialista Brasileiro e ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes, que morreu sábado, aos 88 anos, depois de 57 dias de internação. Lula teve um rápido encontro com o prefeito de São Paulo, José Serra, e o governador paulista, Geraldo Alckmin, em uma sala próxima ao saguão de entrada do palácio onde estava o corpo. Trocaram apenas cumprimentos.
Ao chegar Lula foi aplaudido pelos populares que faziam fila para se despedir do homem que virou mito ao defender causas sociais. Os tucanos, vaiados pela multidão, reivindicaram para eles a marca da coerência e da luta por justiça social do último dirigente popular brasileiro cassado pelo golpe de 1964.
O presidente ficou dez minutos em frente ao corpo de Arraes. Com olhos marejados, Lula chegou a dar leves toques no vidro do caixão, que estava coberto com as bandeiras de Pernambuco e do Brasil. Uma imagem de Padre Cícero, santo popular do Ceará, estado onde nasceu Arraes, foi colocada sobre o caixão.
Das mais de 70 coroas de flores enviadas à família do ex-governador, destacavam-se as flores brancas oferecidas pela primeira-dama Marisa Letícia e Lula e as vermelhas, enviadas pelo presidente de Cuba, Fidel Castro. O ditador cubano mandou um mensagem destacando que Arraes foi valente ao lutar pelos humildes.
Lula conversou com a viúva de Arraes, dona Madalena. "Foi com Miguel Arraes que muita gente comprou o primeiro colchão e o primeiro rádio à pilha e teve acesso à luz elétrica" disse o presidente, segundo relato de assessores. "O que nos conforta é saber que a passagem de Arraes pela Terra valeu a pena", completou. Arraes teve dois filhos com Madalena e outros oito com a primeira mulher, que morreu quando ele governava Pernambuco pela primeira vez, em 1963.
Tucanos
José Serra e Geraldo Alckmin chegaram juntos ao velório. "Um, dois, três, Lula outra vez", gritaram os populares no momento em que os tucanos desceram do carro. Das 19 horas de sábado, início do velório, até as 14 horas de ontem, 12.500 pessoas haviam passado pelo velório, de acordo com dados da Polícia Militar.
Informado da presença dos tucanos, Lula pediu que o deputado Eduardo Campos (PSB-PE), neto de Arraes, recepcionasse os adversários. "Eduardo, vai lá, recebê-los", disse o presidente. "Eu fico aqui esperando", completou. Em seguida, Alckmin e Serra chegaram à sala da Secretaria de Imprensa, onde Lula estava. "Foi apenas um cumprimento e algumas palavras", relatou o prefeito de São Paulo. José Serra puxou papo, lembrando que ele e Lula estiveram no Recife em 1979 no retorno de Arraes do exílio político. "Você lembra que aquela vez, no retorno dele do exílio, estivemos aqui?".
Lula deixou o Campo das Princesas às 11 horas. Os tucanos saíram do palácio por volta de 12h30. Também passaram pelo velório o cantor Caetano Veloso, os senadores Cristóvam Buarque (PT-DF), Marco Maciel (PFL-PE) e Pedro Simon (PMDB-RS) e a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, além da senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), que foi chamada de traíra. "É normal que petistas façam isso. Mas eles deveriam estar aborrecidos é com os que destruíram o PT e jogaram o partido nesse lamaçal de corrupção", se queixou.
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