| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

O ministro das Comunicações Paulo Bernardo esteve em Curitiba na sexta-feira para proferir uma palestra sobre a Lei de Acesso à Informação na UniBrasil. Antes da palestra, Paulo Bernardo conversou com a Gazeta do Povo sobre assuntos nacionais e municipais. O ministro falou sobre o julgamento do mensalão, CPI do Cachoeira e eleição de Curitiba. Confira a entrevista:

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Depois da decisão do PT de Curitiba de apoiar a candidatura do Gustavo Fruet (PDT), a questão se voltou sobre a presença do ex-presidente Lula na campanha. Nos bastidores fala-se que Lula teria exigido uma retratação de Fruet sobre o caso mensalão.

Eu não sei se o Lula vem [a Curitiba]. Nós esperamos que venha, mas não combinou de vir. E também não pediu para ninguém fazer retratação nenhuma. Nós não estamos discutindo o mensalão e a atuação do Gustavo Fruet. Ele era um deputado do PSDB. Eu acho perfeitamente cabível que tivesse a atuação que teve. Seria estranho se fosse do PSDB e ficasse elogiando o governo. Ele teve desavenças dentro do PSDB. Ficou claro que não tinha espaço para ele ser candidato. Saiu do PSDB e nós discutimos com ele a possibilidade de vir para um partido aliado e termos uma aliança para ganhar a eleição. Para nós é isso que está em discussão. Não dá para apagar o que aconteceu, mas fazer política olhando para sete anos atrás seria um erro. Acho que temos de fazer política olhando para frente.

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Então o Lula vai estar no palanque?

Eu acredito e espero que esteja. Nós conversamos com ele em maio do ano passado. Eu e a Gleisi [Hoffmann, chefe da Casa Civil e esposa de Paulo Bernardo] conversamos e ele [Lula] ponderou justamente isso: que iam ficar pegando no pé dizendo que ele [Fruet] falou mal do PT no caso do mensalão. Recentemente estive com Lula no hospital e falei que nós estávamos perto de decidir. E ele disse que achava bom, importante, e que depois queria conversar com o Fruet, marcar uma reunião. Eu já falei com o Fruet para marcar uma ida até lá para pedir para Lula vir aqui [para Curitiba]. A agenda do Lula vai ser concorrida, mas Curitiba é uma cidade importante.

O PSB, partido do prefeito Luciano Ducci, também pertence à base aliada da presidente Dilma Rousseff. O prefeito tem força para deixar neutros Dilma e Lula?

Eu não sei se tem força ou não, mas eu não acho isso legítimo, porque ele não é neutro. Não apoiou a Dilma na campanha de 2010, não se alinhou conosco. É aliado do PSDB. Acho que é mais honesto e razoável você dizer a sua posição. Não temos problema pessoal nenhum com o Luciano. Mas dizer que ele é nosso aliado é faltar com a verdade. Não se sustenta.

Houve o mensalão ou isso é uma "ficção da imprensa", como alguns petistas andaram dizendo?

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O que o julgamento do Supremo [Tribunal Federal] vai poder avaliar é de onde saiu o dinheiro do mensalão. Porque do poder público não foi. Até agora ninguém conseguiu apontar fonte de recurso público, ou se foi fruto de corrupção. O que o PT alega é que tinha necessidade de recurso para campanha e que se obtiveram empréstimos nos bancos. A oposição diz que não é verdade, mas ela pode saber porque foi a oposição que começou esse negócio de mensalão. O próprio Gustavo Fruet falou que no governo do Eduardo Azeredo [do PSDB] se contratavam por sinal as mesmas empresas. Uma coisa é o julgamento político, outra é o jurídico. A imprensa fez um coro culpando as pessoas que estão sendo acusadas, mas na hora do julgamento tem que ter prova. O que eu acho é que tem um certo açodamento das pessoas quererem ficar pressionando o Supremo a votar logo e votar contra. Acho que os ministros vão ter serenidade de votar e acho que vamos ter um esclarecimento melhor disso. Agora dizer que teve corrupção para fazer mensalão, não teve. Isso é conversa fiada. Nunca foi provado, faz sete anos.

E como o PT, o senhor e a presidente Dilma reagiram a este escândalo envolvendo o bicheiro Carlinhos Cachoeira?

É um conjunto de fatos lamentáveis. Eu vejo, por exemplo, o senador Demóstenes [Torres, ex-DEM], que sempre foi um adversário nosso. Eu nunca ia imaginar uma coisa dessas. Ele era o porta-voz da moralidade, relator da Ficha Limpa. Tudo isso é muito chocante e até desestimulante. Eu acho que os fatos divulgados até agora mostram que tem coisa muito errada com essa empresa Delta [Construções]. Pelo jeitão da coisa – e eu não estou falando como governo – esse Cachoeira era sócio mesmo, colocava dinheiro na empresa. Tinha uma espécie de lavagem de dinheiro de jogo dentro da empresa. Uma misturança que talvez explique o desempenho dela [Delta]. Eles têm muitas obras no Dnit e contratos com 23 estados. Invariavelmente ganharam com menor preço. Talvez até a origem de eles terem tanta competitividade seja isso: estava entrando dinheiro fácil de outro lado, então permitia que eles fizessem preços melhores.

O senhor está em Curitiba para proferir uma palestra so­­­­bre a Lei de Acesso à Informação, que entra em vigor no próximo dia 16. O governo está pronto?

A pergunta é se os governos estão preparados. A lei vale para o governo federal em todas as suas instâncias e para Judiciário, Legislativo e Ministério Público. Do ponto de vista do governo federal, eu não tenho dúvida que é o que está mais bem preparado. Está 100% preparado? Não acredito. Até porque eu suspeito que vai haver uma enxurrada de pedidos, talvez por conta da novidade, por falta de informação anterior. Com certeza vai ter problema. Tem município que não tem nem site na internet. As pessoas vão começar a fazer pedidos lá e o servidor não vai saber o que fazer. Mas vai aprender rápido.

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