Conforme levantou a Polícia Federal durante as investigações da Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é mesmo o codinome “Amigo” nas planilhas encontradas na Odebrecht. A informação foi confirmada por Hilberto Mascarenhas, apontado como o líder do Departamento de Propinas da empreiteira. Ele prestou depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na segunda-feira (6), no processo de cassação da chapa Dilma-Temer.
Responsável pelo Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht, Mascarenhas disse à Justiça Eleitoral que não saberia identificar todos os mais de 300 codinomes da planilha. Mas garantiu que poderia confirmar que Lula era mencionado nas tabelas como “Amigo”, em razão da proximidade dele com o “Dr. Emílio”, patriarca da empreiteira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo e da colunista Cristiana Lôbo, do portal G1.
Já segundo a colunista Vera Magalhães, também do Estadão, o próprio Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira, disse ao TSE que o “Amigo” ou “Amigo de EO” – no caso, amigo de Emílio Oebrecht − é mesmo Lula. O executivo, inclusive, teria se queixado da amizade entre os dois, a qual classificou como “um estorvo”. De acordo com ele, o pai cedia muito aos pedidos do ex-presidente, obrigando a empreiteira a entrar em negócios desvantajosos.
Suspeitas da PF
Segundo o relatório da Polícia Federal elaborado no indiciamento do ex-ministro Antonio Palocci, no ano passado, o codinome “Amigo” figura como beneficiário de um pagamento de R$ 8 milhões debitados de um saldo total de R$ 23 milhões do que a PF chamou de “conta-corrente da propina”, na planilha “Italiano” – codinome de Palocci.
“Luiz Inácio Lula da Silva era conhecido pelas alcunhas de “Amigo de meu pai” e “Amigo de EO”, quando usada por Marcelo Bahia Odebrecht e, também, por “Amigo de seu pai” e “Amigo de EO”, quando utilizada por interlocutores em conversas com Marcelo Bahia Odebrecht”, dizia o relatório.
À época, a defesa de Lula negou a acusações contra o ex-presidente formulada pela Lava Jato.