Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), fizeram duros ataques à mídia ontem. Lula acusou a imprensa de agir de "má-fé" e dar informações erradas sobre o governo. Já Sarney colocou em questão o papel da imprensa "que disputa com o Poder Legislativo o papel de porta-voz da opinião pública."
Durante um evento de divulgação do programa Territórios da Cidadania, em Brasília, Lula reclamou especialmente do noticiário recente sobre as suas viagens e as inaugurações de obras. "É triste quando as pessoas têm dois olhos bons e não querem enxergar e têm a oportunidade de escrever a coisa certa e escrevem errado", disse. "Se daqui a 30 anos alguém tiver que fazer alguma história do Brasil e tiver que ler alguns tabloides, vai estudar muita mentira", afirmou, comparando os periódicos brasileiros aos jornais sensacionalistas de Londres.
Até hoje, as críticas de Lula à imprensa no segundo mandato, embora recorrentes, tinham sido mais brandas que às feitas nos quatro primeiros anos de governo. Ele agora elevou o tom, na avaliação de assessores, porque os jornais e TVs, neste começo do processo de sucessão, teriam acabado com a trégua com notícias "erradas" e "contra" o governo. O presidente, no discurso de ontem, disse que estava fazendo o desabafo para o noticiário não piorar ainda mais.
Já Sarney, aproveitou o relatório de atividades da Casa em 2009, para defender a liberdade de imprensa e ao mesmo tempo criticar sua atuação. Na apresentação do relatório de atividades, Sarney classificou a crise decorrente dos atos secretos do Senado de "artificial". No ano passado, Sarney também criticou a imprensa por contas das matérias dos atos secretos. No documento entregue ontem, o senador também diz que "um dos fatores que temos que equacionar é o papel da imprensa, que disputa com o Poder Legislativo o papel de porta-voz da opinião pública, sem submeter-se a mandatos ou regras". Mesmo com as críticas, ele se referiu à imprensa como grande colaboradora do Congresso.
Ironicamente, o jornal "O Estado de S. Paulo" está sob censura há 237 dias, desde que o Tribunal de Justiça do Distrito Federal proibiu o jornal de divulgar informações sobre a Operação Boi Barrica da Polícia Federal, que investiga o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado.
Na avaliação do sociólogo Demétrio Magnoli o Brasil conseguiria evitar casos como o do jornal O Estado de S. Paulo se tivesse em sua Constituição uma emenda que proibisse claramente qualquer entrave à liberdade de expressão. Magnoli proferiu ontem a conferência inaugural do seminário "Liberdade de Expressão/Direito à Informação nas Sociedades Contemporâneas da América Latina".
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