O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou seus pertences e de seus familiares ao sítio em Atibaia logo após deixar o governo, segundo informou a revista “Veja” nesta sexta-feira. Notas fiscais e ordens de serviço de uma das transportadoras contratadas pelo governo federal indicam que parte da mudança foi remetida para a propriedade no interior de São Paulo. Entre os itens transportados, haviam cerca de 200 caixas — 37 delas continham bebidas, segundo os documentos apresentados pela revista. A entrega do material no sítio aconteceu em 8 de janeiro de 2011, dois meses após a compra do imóvel em nome dos empresários Jonas Suassuna e Fernando Bittar, que são sócios de Fábio Luis Lula da Silva, o Lulinha, o filho mais velho do ex-presidente.
O sítio em Atibaia é alvo de um inquérito específico a Polícia Federal (PF), que está sob sigilo, para apurar a relação entre o imóvel com empreiteiras e outras pessoas físicas investigadas na Operação Lava-Jato. Em 29 de janeiro, o Lula admitiu que usa a propriedade, mas negou que seja o dono do local. Reportagem da revista “Época” mostrou que seguranças do ex-presidente estiveram 111 vezes em Atibaia, ao longo dos últimos quatro anos, indicando que as visitas de Lula ao local eram frequentes.
A exemplo do que aconteceu com o tríplex no Guarujá, reformado pela OAS, os investigadores da Lava-Jato suspeitam que o sítio em Atibaia foi reformado tanto pela OAS quanto pela Odebrecht. A propriedade foi comprada em 2010 e é frequentada por Lula, que passou férias em janeiro no local. O sítio passou por ampla reforma, ganhou suítes e área de churrasqueira. Segundo o depoimento de uma testemunha do inquérito, o imóvel recebeu R$ 500 mil só de material para a obra. Além das construtoras, o empresário José Carlos Bumlai, amigo de Lula e preso em novembro pela Lava-Jato, também aparece como suspeito de ter colaborado com a obra. A propriedade será alvo de uma fiscalização do governo paulista por suspeita de irregularidades ambientais na reforma, que começou no final de 2010.
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