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PT cobrava "pedágio" em contratos do Banco do Brasil, diz Valério

O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza afirmou no depoimento prestado em 24 de setembro à Procuradoria-Geral da República que dirigentes do Banco do Brasil estipularam, a partir de 2003, uma espécie de "pedágio" às agências de publicidade que prestavam serviços para a instituição financeira pública: 2% de todos os contratos eram enviados para o caixa do PT, acusou o homem apontado como o operador do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal

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Outras denúncias de Marcos Valério

Marcos Valério afirmou à Procuradoria-Geral da República que pagou despesas pessoais de Lula em 2003, por meio de depósitos na conta de uma empresa do ex-assessor pessoal de Lula, Freud Godoy.

Em meio a uma série de acusações, também afirmou que o ex-presidente deu "ok", em reunião dentro do Palácio do Planalto, para os empréstimos bancários que viriam a irrigar os pagamentos de deputados da base aliada.

Valério ainda afirmou que Lula atuou a fim de obter dinheiro da Portugal Telecom para o PT. Disse que seus advogados são pagos pelo partido. Também deu detalhes de uma suposta ameaça de morte que teria recebido de Paulo Okamotto, ex-integrante do governo que hoje dirige o instituto do ex-presidente, além de ter relatado a montagem de uma suposta "blindagem" de petistas contra denúncias de corrupção em Santo André na gestão Celso Daniel. Por fim, acusou outros políticos de terem sido beneficiados pelo chamado valerioduto, entre eles o senador Humberto Costa (PT-PE).

O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, saiu nesta quarta-feira (12) em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e classificou como "desespero oportunista" e "uma indignidade" o depoimento do empresário Marcos Valério, ao Ministério Público no qual acusa o ex-presidente de ter se beneficiado do esquema do Mensalão.

"O presidente Lula teve a sua vida privada invadida, examinada, atacada com lupa e até hoje não apareceu nada e não vai aparecer porque não é essa a conduta do Lula, de compactuar com qualquer tipo de mal", declarou Carvalho, acrescentando que "nada do que o senhor Marcos Valério venha a assacar neste momento atinge o presidente Lula". "Se atingisse, estávamos preocupados".

As declarações do ministro foram dadas em café da manhã com a imprensa, no Palácio do Planalto. Ele evitou criticar o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, que na terça-feira (11), defendeu que o ex-presidente deve ser investigado pelo Ministério Público. "Não vou comentar a posição de Joaquim Barbosa e cabe a ele ser responsável pelas suas opiniões", disse Carvalho.

O ministro disse que Lula está "profundamente indignado com a atitude deste senhor (Marcos Valério)" e "impressionado" com a credibilidade que esse depoimento ganhou, embora o empresário esteja condenado por muitos anos pela Justiça. Para o ministro, é natural que a oposição, que as forças que querem combater o ex-presidente Lula usem, em cada episódio, "um gesto quase desesperado" para separar Lula e o povo. O ministro não acredita que, no futuro, Lula possa ser julgado pelo Supremo, como hoje estão os réus do Mensalão.

Ele reconhece que o episódio desgasta o PT , mas lembra que o partido já emitiu nota dando as suas explicações. "O PT tomou a sua posição. Já fez uma nota explicando o que diz respeito à sua ação. Evidente que qualquer ataque provoca um desgaste. Agora, eu insisto: a sabedoria do povo sabe separar o joio do trigo", prosseguiu Carvalho, justificando que a população que foi tão beneficiada pelo governo Lula sabe que tudo que o governo fazia era para melhorar a condição de vida deles. E atacou a imprensa: "os formadores de opinião que imaginam, que formam, que determinam a opinião do povo, sempre acabam se decepcionando, porque o povo enxerga a realidade de maneira muito objetiva. Enxerga os valores éticos, os valores morais, e enxerga, sobretudo, aquilo que foi a mudança essencial provocada nesse País. Porque esse povo começou a ser enxergado pelo governo, começou a ser contemplado, começou a ser incluído. Nada mais importante do que essa mudança, que é profundamente ética", disse Carvalho.

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