O deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) disse nesta sexta-feira, em entrevista ao SBT, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "está perdendo a humildade" e que o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) "é mais preparado" que a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff para governar o país. Ciro afirmou que tem "a obrigação moral" de ser candidato a presidente.

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Sobre a suposta interferência do presidente para que Ciro abandone sua intenção de ser candidato à Presidência, o deputado afirmou que o assunto nunca foi tratado diretamente com ele. "Por que ele não pode tratar esses assuntos com franqueza? Por que não trata comigo cara a cara, francamente?", indagou.

"Tenho profundo carinho, respeito e amizade pelo presidente Lula mas ele está errado porque está popularíssimo, ele está no céu merecidamente porque faz um grande governo que beneficia o Brasil e o povo, mas não tem ninguém para dizer nada a ele, ele está perdendo a humildade sem dúvida nenhuma", disse, ao defender a manutenão de sua candidatura. Numa entrevista publicada pelo portal IG, Ciro já teria afirmado que 'Lula não é Deus'.

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A Executiva Nacional do PSB decide na próxima terça-feira (27) o futuro político de Ciro. Nesta sexta, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente do partido, se reuniu com o presidente Lula no Palácio da Alvorada. Na saída, disse que a candidatura de Ciro vai depender do apoio dos diretórios estaduais do partido.

Em uma eventual disputa entre Serra e Dilma e com Ciro fora da campanha, o deputado afirmou que o ex-governador de São Paulo é mais preparado que a ex-ministra. "Todo mundo sabe que eu sou adversário do Serra desde sempre, mas o Serra é mais preparado que a Dilma", afirmou. Segundo ele, o ex-governador tem mais experiência que Dilma na vida pública. "Ela não tem nenhuma eleição na vida dela."

"Erros políticos"

Ciro apontou o que considerou erros políticos da ex-ministra. "Os primeiros movimentos dela estão me deixando de cabelo arrepiado, porque foi um erro atrás do outro. A dúvida que estava lá em Minas Gerais da retirada do Aécio [da campanha]. A Dilma desce lá e vai visitar o túmulo do Tancredo. Não é culpa dele que o PT negou apoio ao Tancredo", afirmou.

O deputado declarou ainda que Dilma errou ao visitar o Ceará sem comunicá-lo. "Aí ela sai e vai para o Ceará. Eu ainda sou candidato, caramba. Estou aqui esperneando. Se amanhã ou depois for derrotado, tudo certo, mas ainda estou aqui esperneando. (...) Ela foi na minha terra sem nem sequer dar um telefonema. Não é que eu sou coronel, não por mim, não. Aí a organização dela confraterniza com nosso adversário e avisa para o meu irmão que ela está indo lá.

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Ciro também criticou a participação do ex-ministro José Dirceu na pré-campanha de Dilma. "(..) O José Dirceu está ainda numa situação delicada. É meu amigo, eu até sou testemunha dele, quero ajudar a defendê-lo, mas está errado. Vai ser um desacato ao Judiciário, um desacato à Justiça, um desacato à opinião pública", disse. "Uma pessoa que ainda não se desvencilhou dos problemas graves com os quais se envolveu. Eu estou falando do futuro do país. Eu não tenho nada com isso, a Dilma que faça lá como ela achar melhor."

José Dirceu teve os direitos políticos cassados e responde a processo por suposto envolvimento com o mensalão –escândalo de compra de apoio político de deputados que veio à tona após denúncias do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). O caso tramita no STF.

Ele afirmou que José Dirceu chegou a cogitar a retirada de apoio à reeleição do governador cearense Cid Gomes (PSB), irmão do deputado, caso Ciro não desistisse de sua pretensão de ser candidato à Presidência. "Esse eu já mandei pastar", afirmou.

A assessoria do ex-ministro José Dirceu disse ao G1 que ele não comentaria as decalarações de Ciro e negou que o encontro com o governador do Ceará tenha ocorrido. "O Ciro está 'mordido' porque no ano passado o Dirceu disse no blog dele que havia uma dificuldade de montar palanque [em relação a uma eventual candidatura de Ciro]. Dirceu gosta do Ciro e acha legítima a candidatura, mas tem um tremendo nó [a da falta de apoio político]", afirmou a assessoria.

Aliança

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Sobre a aliança com o PMDB, o deputado disse que ela é sustentada pelo interesse no tempo de televisão que o PT ganha se o apoio for formalizado. "Se você disser [que] vamos fazer uma aliança aqui para melhorar a vida das pessoas, fazer a reforma tal, que precisa de três quintos do Congresso, qualquer contradição que tiver por trás dessa aliança está explicada. Está fazendo uma contradição, uma aliança entre diferentes, entre desiguais. [Mas] Não é, não tem nada disso, não tem nenhuma agenda, isso é tráfico de minuto de televisão nas barbas do Tribunal Superior Eleitoral."