O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que ainda não decidiu se vetará ou não o aumento de 7,7% para as aposentadorias acima de um salário mínimo. Ele lembrou que tem até o dia 15 para tomar uma decisão. "Magistrado não se pronuncia fora dos autos. Eu vou analisar politicamente o que é bom para o Brasil e depois direi a minha decisão", afirmou o presidente, diante da insistência sobre o assunto, em entrevista a uma rádio de Aracaju. "Em ano eleitoral é delicado colocar coisas para votar, porque os deputados ficam mais sensíveis. Há quem defenda que não deveria ser votado nada em ano eleitoral", disse o presidente, referindo-se aos últimos projetos aprovados pelo Congresso. Lula advertiu, no entanto, que "quando há algum exagero, eu veto".
Lula reclamou que os parlamentares estão "carimbando" os recursos que serão destinados ao Fundo Social, que será criado com o pré-sal. "Daqui a pouco o governo não vai ter como fazer política social, porque está tudo carimbado. Tem gente que acha que votar benesse ajuda o eleitorado. Não ajuda. Não podemos perder a seriedade com a estabilidade econômica e com o crescimento sustentável", afirmou.
Lula disse que governa o país como cuida de sua própria casa. E a título de exemplo disse que recusou um pedido do filho para uma viagem a Miami com os amigos da escola. "Da mesma forma que tenho coragem de dizer não ao meu filho, vou dizer não quando precisar e não houver recursos para bancar determinados projetos", disse.
Em Brasília, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou hoje que o presidente Lula deve vetar o reajuste de 7,7% para os aposentados que recebem acima de um salário mínimo, assim como a extinção do fator previdenciário. Já o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que o presidente ainda não decidiu se vetará o reajuste de 7,7% para aposentados.
Esqueletos
Lula disse ainda que não vai deixar "esqueletos" para quem vier depois dele no governo. "Eu estou pagando esqueletos por causa do Plano Bresser e do Plano Verão. Não brincarei em serviço com isso. Não quero que quem venha depois de mim tenha que arranjar recursos para acertar as contas", afirmou o presidente.
Ele disse que está concluindo o orçamento de 2011, deixando "amarrados" os recursos para a segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2), para que as obras tenham continuidade para o presidente que vier depois dele. "Quem ganhar as eleições, e eu espero que seja a minha candidata, não vai começar do zero. Quero que comece caminhando forte", afirmou.