O ex-presidente Lula evitou nesta sexta-feira (12) tratar das investigações que o envolvem nas operações Lava Jato e Zelotes, durante encontro do conselho do instituto que leva seu nome, que reuniu intelectuais, ex-ministros e aliados do ex-presidente.
O encontro contou com a participação dos advogados Roberto Teixeira e Cristiano Zanin Martins, que advogam para o ex-presidente nas acusações que envolvem serviços prestados por um de seus filhos e imóveis que foram reformados por empreiteiras em Atibaia (SP) e no Guarujá (SP). Por isso, havia a expectativa de que os temas fossem tratados no encontro.
Segundo relatos dos presentes, Lula evitou que o tema fosse objeto de discussão e orientou para que o debate ficasse restrito ao papel que o instituto deve exercer neste ano, em meio à crise econômica. O ex-presidente se reuniu com os advogados logo após o encontro do conselho, no mesmo hotel, em São Paulo.
De acordo com pessoas que participaram do debate, a socióloga Maria Victória Benevides fez uma intervenção em solidariedade ao ex-presidente, dizendo que ataques à sua honra eram seletivos e persecutórios, com propósitos “político-eleitorais”. Lula interveio para dizer que “questões relativas a ele, ele mesmo enfrenta”.
Em função das dificuldades econômicas do atual contexto, diferente da realidade de 2011, ano em que a entidade foi fundada, há expectativa de que a estrutura do Instituto Lula seja enxugada e as iniciativas voltadas para a África e América Latina percam força. Conselheiros devem ser chamados a colaborar mais com as atividades da entidade.
Neste ano, o instituto deve se voltar para a discussão sobre questões do Brasil, inclusive com a chance de propor novos projetos para o país, seguindo o exemplo do Instituto Cidadania, que o precedeu, de acordo com o presidente da entidade, Paulo Okamotto.
Segundo relatos, em sua fala o ex-presidente defendeu a retomada do crescimento da economia e o foco no futuro como pontos fundamentais da atuação do grupo. Okamotto negou que o espaço para novas propostas seja um risco de “governo paralelo” ao da presidente Dilma Rousseff (PT). “Não há governo paralelo, nós somos governo e nosso papel é colaborar”, afirmou.
Encontro com advogados
Os advogados Roberto Teixeira e Cristiano Zanin Martins, que defendem Lula, chegaram, no início da tarde, ao hotel, para participarem de parte da reunião do conselho e do encontro com o ex-presidente.
Amigo de longa data do ex-presidente, Teixeira é integrante do conselho do instituto de Lula desde sua criação. Não é o caso de Cristiano Zanin Martins, que não integra o conselho e ultimamente tem sido porta-voz de defesa do ex-presidente em relação às acusações.
A Lava Jato investiga se empreiteiras investigadas na operação bancaram a reforma de um sítio usado por Lula em Atibaia e de um apartamento triplex em edifício beira-mar no Guarujá, que o ex-presidente desistiu de adquirir depois que o caso veio à tona.
Por meio de sua assessoria, Lula vem argumentando que pagaria pelas reformas no triplex, se o tivesse adquirido. Ele ainda não se manifestou sobre as obras realizadas no sítio usado por ele em Atibaia. O ex-presidente vem afirmando que o sítio é de propriedade de amigos da família e que “a tentativa de associá-lo a supostos atos ilícitos tem o objetivo mal disfarçado de macular a imagem do ex-presidente”.
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