Depois de um encontro com o primeiro-ministro britânico Tony Blair, em Londres, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a ocupação das favelas do Rio de Janeiro pelo Exército em busca do armamento roubado na última sexta-feira do Estabelecimento Central de Transportes. Ele foi informado sobre o roubo pelo ministro da Defesa, José Alencar, e pelo comandante do Exército, general Francisco Albuquerque. O presidente afirmou que vai acompanhar as investigações quando chegar ao Brasil.

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- Foi extremamente grave o que aconteceu. Não se sabe quem entrou num quartel do Exército e roubou armas. Nós não podemos permitir que isso continue a acontecer. O Exército está trabalhando com a Polícia Militar para que possa encontrar não apenas as armas roubadas, mas também o autor da façanha de entrar no quartel.

Sobre os episódios de violência que estão acontecendo, o presidente disse que violência gera violência.

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- Mas o Exército tem que recuperar o que é seu - disse.

O prestígio das Forças Armadas está em alta com os leitores do GLOBO ONLINE. Em enquete realizada com os internautas, a maioria respondeu sim à pergunta: ''o Exército vai conseguir recuperar as armas roubadas?'' Na opinião de 3.792 pessoas (38,84%), os dez fuzis e a pistola roubados de um quartel em São Cristóvão serão localizados, apesar de ainda não haver resultado depois de uma semana de buscas. E houve ainda outra demonstração de confiança na atuação do Exército: para 3.311 leitores, ou 33,91%, pouco importa se as armas vão aparecer ou não. Na verdade, o mais significativo de tudo isso é que as tropas estão na rua, o que, segundo eles, aumenta a sensação de segurança da população.

Na opinião de 1.137 leitores (11,65%), apenas algumas armas serão recuperadas pelo Exército. A operação dos militares só é rejeitada por 15,60% (1.523 leitores). Para estes, a ação iniciada na sexta-feira passada em favelas e estradas do Rio é perda de tempo. Responderam à pergunta proposta pela enquete 9.763 internautas.

Efeito verde: crime cai onde o Exército vai

A credibilidade do Exército, apontada pelos leitores do GLOBO ONLINE, é reforçada em parte por números apresentados pelas polícias Civil e Militar na quarta-feira. Segundo o levantamento, a criminalidade caiu nos bairros próximos às favelas ocupadas pelos militares. As informações, divulgadas na TV, são de que na Zona Norte e no subúrbio o número de roubos e furtos de carros caiu pela metade. E os assaltos a ônibus tiveram redução de 40%.

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No início da semana, em outra enquete do GLOBO ONLINE, quase 90% dos leitores manifestavam aprovação à iniciativa do Exército de ocupar algumas favelas cariocas. Das 9.541 pessoas que participaram da pesquisa na segunda-feira, 8.446 (88,52%) disseram se sentir mais seguras com as tropas nas ruas.

Nesta quinta-feira o Exército deu prosseguimento à operação de busca às armas roubadas, que não tem prazo para terminar. Não houve incidentes com traficantes, ao contrário de outros dias. Na noite anterior os soldados que ocupam o Morro da Providência, no Centro, voltaram a ser atacados por traficantes. O confronto, que durou pelo menos 30 minutos, começou, segundo o Comando Militar do Leste, quando bandidos do Morro do Pinto, vizinho à Providência, atiraram na direção dos militares, que revidaram. Segundo o Exército, nenhum militar foi atingido. Não há registro de feridos. No fim da noite cerca de cem pessoas fizeram manifestação de protesto contra a ocupação da favela em frente ao Comando Militar do Leste, também no Centro.

Mais soldado do que no Haiti

O Exército mantém 1.600 mil homens na ocupação de oito favelas do Rio de Janeiro, efetivo maior do que o de 1.200 soldados enviados à operação da ONU no Haiti. Daquele contingente há 200 homens participando também da operação nas favelas cariocas. O Comando Militar do Leste informa que a operação destina-se apenas a recuperar dez fuzis e uma pistola roubados na sexta-feira de um quartel em São Cristóvão. O objetivo, reforça o CML, não é cuidar da segurança pública.

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