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Salamanca, Espanha (AE) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reservou como tema para o discurso final da reunião dos 22 países ibero-americanos o resgate de um objetivo da política externa – a reforma do Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU), que foi sepultada em setembro.

Mas, desta vez, Lula terá o cuidado de não abordar o pleito brasileiro de se tornar membro permanente desse grupo de maior influência em questões de política e de segurança internacional, conforme antecipou o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia.

"O presidente vai retomar a proposta sem colocar a reivindicação brasileira, por ser polêmica na comunidade ibero-americana. Quatro países resistem a essa iniciativa", afirmou Garcia, referindo-se à Argentina, Colômbia, Espanha e México.

"Queremos consagrar, primeiro, o princípio da reforma da ONU. Depois, a fórmula do G-4. Por fim, ir para a final", completou, referindo-se ao grupo dos quatro países – Alemanha, Brasil, Índia, Japão – que pleiteiam o acesso ao CS na condição de membros permanentes e que prometeram apoio mútuo e ação conjunta.

Reunião

A retomada desse bordão ocorrerá na intervenção de Lula na terceira e última sessão de debates da 15.ª Reunião de Cúpula Ibero-Americana, etapa em geral esvaziada pelo retorno antecipado de parte dos chefes de Estado aos países. Chamado a falar sobre a projeção internacional dessa comunidade, Lula também abordará dois temas relacionados à ambição brasileira ao CS e de algum interesse dos governos dos outros 21 países.

Gastos

O primeiro será a proposta de contabilização de gastos dos governos com obras de infra-estrutura e na área de educação nos cálculos do resultado primário das contas públicas dos países que mantêm compromissos com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Essas despesas seriam registradas como investimentos. Trata-se de uma idéia de ampliação e de universalização de uma benesse conquistada pelo Brasil, depois de cerca de quatro anos de negociações com o Fundo.

No caso, o governo brasileiro conseguiu subtrair da meta de superávit primário apenas as despesas em infra-estrutura.

Outro tema será o Haiti - uma questão delicada e tratada com cuidado pelo governo brasileiro, que lidera a missão militar de estabilização das Nações Unidas e mantém tropas naquele país. A questão haitiana será abordada no documento final da reunião de cúpula, numa declaração especial, na qual os países mais ricos serão cobrados a desembolsar o total de US$ 1,5 bilhão que prometeram para a reconstrução do Haiti. Somente cerca de 30% desse valor, até o momento, foi destinado ao país.

Segundo Garcia, a presença do Brasil no Haiti "cria um novo paradigma no tratamento de questões internacionais", ao fugir dos modelos tradicionais de intervenção que, no ponto de vista dele, têm sido "desastrosos".

Questionado se não seria muito cedo para declarar o êxito da fórmula brasileira, que, igualmente, insiste na ajuda externa ao Haiti, o assessor saiu pela tangente. "Em um ano, o modelo tradicional teria produzido mais desastres. Já temos êxito relativo", afirmou.

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