A nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil e a retirada do sigilo telefônico – autorizada pelo juiz federal Sergio Moro, responsável pelo julgamento dos processos da Operação Lava Jato – de uma conversa entre ele e a presidente Dilma Rousseff sobre o termo de posse para ser utilizado em “caso de necessidade” desencadearam reações na Câmara dos Deputados e em várias cidades brasileiras na noite desta quarta-feira (16).
Curitiba, sede das investigações da Lava Jato, foi uma das cidades em que houve protestos. O maior deles ocorreu em frente à sede da 13.ª Vara da Justiça Federal. Aproximadamente 500 pessoas, segundo estimativa da PM protestaram contra a indicação de Lula ao ministério da Casa Civil. O movimento foi organizado pela internet e reuniu pessoas que pediam a saída de Dilma Rousseff (PT) da Presidência da República, o fim do foro privilegiado para políticos e carregavam faixas de apoio a Moro.
A Polícia Militar esteve no local com um módulo móvel e fechou duas pistas da Avenida Anita Garibald, no Ahú, o que deixou o trânsito difícil no local. Também houve “bunizaços”, “panelaços” em algumas partes da cidade, como nos bairros Cristo Rei, Ahú e Água Verde, entre outros.
Em São Paulo, um grupo iniciou uma vigília no vão livre do MASP, na Avenida Paulista, contra o que chamam de “golpe petista”. A manifestação, que estava prevista para começar às 18h, foi antecipada por um aposentado. Com um pedaço de papelão nas mãos, onde se lia “FUGIR JUSTIÇA NÃO”, ele se colocava em frente dos carros e pedia buzinadas de apoio.
Às 18h, quando outros manifestantes chegaram, o discurso era que o horário escolhido para a manifestação era propício para “trabalhadores de verdade é que pagam seus impostos”.
Aos gritos de Lula na cadeia, o grupo se mostrou dividido em relação à ideia de permanecerem no MASP até Lula desistir do ministério. “ Os manifestantes empunham bandeiras do Brasil e seguram cartazes com críticas a Lula assumir o cargo. As frases “Lula na cadeia” e “Fora PT” são repetidas pelos participantes do protesto.
Segundo a porta-voz do movimento Nas Ruas, Carmen Lutti, que é assistente social e advogada, o ato foi organizado por um “grupo de cidadãos indignados”. Ela disse que o movimento ainda não tem nome oficial e é formado por amigos e integrantes do Nas Ruas. A porta-voz afirmou que o buzinaço vai continuar até as 22h, quando o fluxo de veículos tiver reduzido.
Já em Brasília, cerca de 1.500 manifestantes contrários ao governo Dilma Rousseff fizeram uma manifestação em frente ao Palácio do Planalto. Durante o ato, os manifestantes convidavam os motoristas que buzinam em seus carros a aderirem. A rua em frente à sede do Executivo está fechada nos dois sentidos. A tropa de choque da Polícia Militar e seguranças do Planalto estão posicionados.
Câmara
Os ânimos se exaltaram na noite desta quarta na Câmara dos Deputados. Parlamentares pediram a renúncia da presidente da República. Deputados da oposição puxaram o coro no plenário da Câmara logo após Darcísio Perondi (PMDB-SC), da ala oposicionista do partido, levar ao microfone um áudio com uma voz parecida com a de Lula. Oposicionistas se inflamaram e a sessão acabou sendo encerrada. Houve bate-boca generalizado.
Alguns poucos petistas tentaram defender Dilma chamando de “golpistas” os integrantes das legendas de oposição. Apesar de a sessão ter sido encerrada, deputados continuaram no plenário gritando palavras de ordem contra Dilma. Um pouco antes, oposicionistas também pediram, em coro, a prisão de Lula: “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão.”
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