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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva dedicou a terça-feira ao Mato Grosso e ao agronegócio, em uma tentativa de reaproximação com o setor, descontente com o tratamento recebido no primeiro mandato. Também aproveitou para mandar mais recados sobre seu novo governo.

Depois de fazer uma espécie de comício surpresa no pequeno aeroporto da cidade de Barra do Bugues, Lula disse que vai conversar com todas as forças políticas, mas não quis citar o nome do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ao ser perguntado se pretendia conversar com o tucano, Lula disse apenas que não vai nominar com quem quer conversar e ressaltou que é preciso parar de separar o Brasil entre situação e oposição.

- Não vou nominar com quem eu vou conversar. Já disse que vou conversar com todas as forças políticas. Começo na próxima semana uma rodada de conversas com muita gente - disse Lula.

Diante da insistência dos repórteres, que queriam saber se ele iria conversar inclusive com Fernando Henrique, Lula respondeu:

- Com todo mundo. Não vou separar o Brasil entre situação e oposição porque a eleição acabou. Agora temos o governo e temos o Congresso e precisamos pensar nos projetos de interesse do Brasil.

Lula também não quis confirmar se pretende mesmo criar o conselho político de ex-presidentes.

- Me deixa trabalhar que eu vou pensar direitinho o que eu vou fazer.

Ao discursar na inauguração de uma usina de biodiesel, Lula disse que ainda não tem as "soluções" para fazer a economia crescer ainda mais em 2007, destravando alguns setores, mas disse que irá se fixar no assunto até 31 de dezembro. Afirmou que não vai fazer mágica, e sim fazer com que o Brasil cresça com responsabilidade. Para o presidente, os municípios e os estados precisam recuperar sua capacidade de investimento.

- Vou me dedicar a isso até 31 dezembro. Soluções, não as tenho. Mas vou encontrar. Mas não peçam para eu anunciar mágica. Quero anunciar seriedade - disse Lula.

Crise na agricultura: sem "calças curtas"

No início do dia, ao inaugurar um trecho asfaltado de 127 quilômetros da BR-364, entre os municípios de Cafezal e Comodoro, o presidente defendeu a consolidação de uma política de seguro agrícola no país, para reduzir prejuízos causados por crises na agricultura brasileira. Para o presidente, é preciso garantir mecanismos para que o agricultor não seja "vítima da chuva, do sol ou de uma praga".

- E, depois, a gente tem que construir às pressas planos de salvamento para a agricultura.

Na avaliação de Lula, se o governo consolidar uma política de seguro agrícola, "todo mundo vai ter a certeza que, quando tiver uma crise, ele vai ter o dinheiro para ressarcir um possível prejuízo que ele teve e tocar a agricultura no ano seguinte".

Segundo ele, a agricultura tem que ser tratada com carinho, pois é um dos pilares do desenvolvimento econômico do país. Ele acrescentou ter consciência da qualidade tanto dos empresários agrícolas brasileiros como da produção da agricultura familiar. No discurso, também destacou que, em 2006, os sinais de recuperação da "crise profunda" enfrentada pelo setor nos últimos dois anos são "extraordinários".

- Não podemos esperar ter outra crise para resolver o problema da agricultura, temos que aproveitar, no momento em que a agricultura se recupera, para que a gente possa estabelecer todas as políticas agrícolas necessárias para que, numa próxima crise, a gente não seja pego de calça curta como fomos pegos nessa crise agora, quando muita gente deixou de produzir, a indústria de máquinas deixou de vender e muitos trabalhadores foram mandados embora.

O presidente ponderou que a crise no setor agrícola deve servir de lição para que a experiência não se repita.

- Vamos aprendendo a lição que aprendemos e, com a possibilidade de mais quatro anos de governo, trabalhando de forma uniforme, governo do estado e governo federal. E a gente vai poder garantir que a agricultura brasileira não sofra mais a crise que ela sofreu nesses últimos dois anos.

De acordo com Lula, o quadro atual é diferente do que ele encontrou ao tomar posse, no início de 2003. "O Brasil estava numa situação muito delicada porque a gente não conseguia exportar quase tudo que a gente produzia e tinha poucas reservas, ou seja, dinheiro em dólar para garantir as nossas importações e as nossas exportações", comparou.

O desenvolvimento do país passa por mais investimentos em infra-estrutura, como a construção de estradas, para facilitar o escoamento dos produtos agrícolas, ressaltou Lula.

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