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Em entrevista à TV Record transmitida ontem à noite, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não vai interferir nas investigações sobre o vazamento do sigilo fiscal do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira. "Quem tem que esclarecer é a Receita Federal", defendeu. "A Receita é intocável, até para o presidente, se eu pedir a declaração do meu pior inimigo, a Receita precisa me denunciar", alegou.

Ontem, a Receita informou que a analista tributária Antonia Aparecida Rodrigues dos Santos Neves Silva, investigada pela corregedoria da Receita pela suposta quebra de sigilo, foi afastada da chefia da agência do Fisco em Mauá (SP), em 2 de julho, e entrou em férias dez dias depois. Antonia sofre processo administrativo disciplinar, aberto pela corregedoria em 21 de junho.

Na entrevista, o presidente negou que tenha ferido a legislação eleitoral ao defender a candidatura da petista Dilma Rousseff. "Eu tenho tentado me portar dentro do limite daquilo que eu recebo de orientação dos meus advogados", afirmou. Lula, Dilma, o PT e seus aliados já foram multados oito vezes pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Outras nove representações tramitam no tribunal.

Frustrações

O presidente negou que o governo federal esteja investindo pouco em obras de infraestrutura. Ele disse que os empresários "nunca tiveram a quantidade de obras que têm" agora. "Vou entregar um outro país, um país com gente menos pobre, com os trabalhadores ganhando mais, um País em que a democracia é a mais consolidada, um país com a infraestrutura muito mais forte do que tivemos em qualquer outro momento", rebateu.

Lula chorou ao se lembrar de uma cerimônia em que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) oficializou o empréstimo de R$ 200 milhões a uma cooperativa de catadores de papel de São Paulo. "É como se você tivesse passado o tempo inteiro plantando, um monte de gente olhando a sua roça e dizendo: 'não vai dar nada, isso aqui o cara não soube plantar esse cara é um metalúrgico' e, de repente, a planta brota, cresce e eu estou colhendo", desabafou.

Durante a entrevista, Lula reconheceu algumas frustrações, como não ter conseguido convencer o Congresso Nacional a fazer as reformas tributária e política, mas disse que vai precisar de mais tempo para avaliar seu governo. "Eu só vou descobrir que tem muita coisa que não fiz depois de algum tempo, e vou valorizar muitas coisas que fiz depois que sair do governo", afirmou.

Com apenas cinco meses de governo pela frente, o presidente disse que pretende continuar viajando pelo país quando deixar a Presidência da República. "E me contentarei em ser um bom ex-presidente, sem dar palpite na vida de quem está governando", completou.

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