O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou nesta quinta-feira, 15, por meio de nota, que esteja participando de acordos para proteger o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), de perder o mandato por conta do processo que deve ser instaurado no Conselho de Ética da Casa por quebra de decoro parlamentar.
Sibá: bancada do PT está liberada para votar como quiser no Conselho de Ética
O líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), afirmou que o ex-presidente Lula não deu nenhuma orientação à bancada do partido sobre como se comportar em relação ao pedido de afastamento do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), durante reunião com 12 deputados petistas na capital federal. Segundo Sibá, o grupo tratou “muito pouco” sobre esse assunto durante o encontro. Isso porque o tema central da reunião era a mobilização para evitar o impeachment da presidente Dilma Rousseff, disse.
O parlamentar afirmou que a ordem do ex-presidente Lula é deixar que o pedido de investigação de Cunha por quebra de decoro parlamentar apresentado pelo PSOL e Rede seja tratado dentro do “fórum oficial”, ou seja, no âmbito do Conselho de Ética. “Esse assunto não é nosso, não vamos nos meter nisso”, afirmou.
Sibá ressaltou que o apoio dos mais de 30 deputados do PT ao pedido de cassação do presidente da Câmara foi um posicionamento individual, que não reflete a posição oficial do PT. “Não posso estar privando ninguém do seu direito parlamentar. Então, fizeram aquilo (o apoio à cassação de Cunha) e pronto, encerrou este assunto”, afirmou o líder. De acordo com ele, os deputados do PT que integram o colegiado não receberão qualquer indicação de como devem votar.
Segundo a nota, Lula “não participa nem estimula qualquer articulação para supostamente ‘proteger’ o presidente da Câmara em procedimento do Conselho de Ética”. “Lula não manteve encontros ou reuniões neste sentido com parlamentares do PT nem com políticos de outros partidos”, afirma.
Lula diz que as notícias veiculadas a esse respeito “são escandalosamente mentirosas” e que considera que o assunto compete ao Legislativo e ao Judiciário, dentro da lei e da Constituição.
Cunha já é alvo de investigação no âmbito da Lava Jato e, hoje, a Procuradoria-Geral da República pediu uma nova abertura de inquérito para investigar o presidente da Câmara com base nos documentos enviados pela Suíça que comprovam que Cunha possui contas naquele país. O pedido precisa ser avaliado pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF.
Cunha classificou como “ridículas” as notícias publicadas sobre acordos que ele vem fazendo tanto com o governo quanto com a oposição para salvar seu mandato. O peemedebista negou ter tratado do assunto com ministros e afirmou não ter nenhum encontro marcado com o ex-presidente Lula.
Na nota, Lula diz ainda que é a oposição a responsável por “articulações espúrias e barganhas, dentro e fora do Congresso, na desesperada tentativa de derrubar um governo democraticamente eleito”.
O ex-presidente está em Brasília desde ontem em uma série de compromissos políticos e privados e deve se encontrar ainda hoje com a presidente Dilma Rousseff. Pela manhã, o ex-presidente foi ao Ministério Público Federal do DF para prestar um depoimento voluntário no inquérito que o investiga por suspeita de tráfico de influência, durante viagens ao exterior, em favor da empreiteiras, entre elas, a Odebrecht.
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