O governo brasileiro quer desidratar a polêmica gerada pela concessão de refúgio político ao italiano Cesare Battisti, condenado a prisão perpétua por atos terroristas em seu país. Em conversas reservadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva considerou "exagerada" a reação do Ministério das Relações Exteriores da Itália, que chamou a Roma seu embaixador em Brasília, Michele Valensise, e orientou seus auxiliares a não esticar o bate-boca. O Itamaraty, por sua vez, trata de jogar água na fervura da crise entre os dois países.
"É fim de papo", decretou Lula, ao baixar a lei do silêncio sobre o caso e acentuar que seu governo não mudará a decisão favorável a Battisti, durante reunião de coordenação política de governo. A ordem foi dada na presença do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que tratou de cumpri-la à risca. "Essas coisas despertam emoções. A melhor maneira de lidar com elas é o tempo", afirmou o chanceler.
Em uma gélida reação à iniciativa da Farnesina de chamar Valensise a Roma, o Itamaraty declarou, por meio de nota, que "o governo brasileiro considera que todos os procedimentos sobre a questão estão sendo seguidos de acordo com a legislação brasileira". "Os laços históricos e culturais que unem o Brasil e a Itália continuarão a inspirar nossos esforços com vistas a aprofundar ainda mais as sólidas relações bilaterais nos mais diversos setores.
O Itamaraty confia que a Itália não cogitará no rompimento de relações diplomáticas e, como convém a seus interesses econômicos no Brasil, tenderá a igualmente baixar a temperatura de suas reações. Em princípio, o governo italiano terá amplo direito de apresentar seus argumentos diante do Supremo Tribunal Federal (STF), que deverá julgar o pedido de extradição de Battisti no início de fevereiro.
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