Em meio à investigação envolvendo sete deputados do PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu nesta sexta-feira a bancada do partido na Câmara. Segundo o líder do PT na Casa, Henrique Fontana (RS), o presidente pediu aos parlamentares para manter a unidade da bancada e intensificar a ofensiva política. A reunião durou cerca de quatro horas.
Em três anos de governo, foi a primeira reunião do trabalho do presidente com a bancada. Lula tem dito que não se conforma com a falta de combatividade dos petistas. Aceitam, diz Lula, muito docilmente os ataques da oposição.
Entre os cerca de 50 presentes estavam deputados ameaçados de cassação, como o ex-ministro José Dirceu (SP), o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (SP), o ex-líder do partido Paulo Rocha (PA), o ex-líder do governo Professor Luizinho (SP) e José Mentor (SP), que foi relator da CPI do Banestado. Participaram da reunião os ministros Antonio Palocci (Fazenda), Jaques Wagner (Relações Institucionais) e Dilma Rousseff (Casa Civil) e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Os deputados Nelson Pellegrino (BA) José Pimentel (CE) e Maurício Rands (PE) foram os primeiros a deixar a reunião. Pellegrino disse que a situação dos cassáveis não foi discutida no encontro.
Alguns dos ameaçados disseram, ao chegar para reunião no Palácio do Planalto, que não renunciariam ao mandato.
- Não vou renunciar - disse o deputado Professor Luizinho.
O deputado José Mentor afirmou que não cogita deixar o mandato, pois antes quer saber do que o acusam, mas abriu espaço para um eventual acordo. Já o deputado Paulo Rocha afirmou que não quebrou o decoro parlamentar e não renunciará ao mandato. Para ele, caixa dois não é crime.
Nos bastidores estaria sendo costurado um acordo para que o PT garanta legenda aos que renunciarem, permitindo que disputem as eleições no próximo ano. O deputado Walter Pinheiro (PT-BA), porém, disse que a esquerda petista não participará deste acordo.
Lula pretende fazer reuniões semelhantes com as bancadas de outros partidos da base. Desde o início da crise existe um distanciamento entre o presidente e os partidos aliados, inclusive o PT.
- Esse encontro resgata uma das coisas que a bancada sempre defendeu, que é o debate com o governo - disse o deputado Walter Pinheiro (PT-BA), ao chegar ao Palácio do Planalto.
O deputado Carlos Santana (PT-RJ) afirmou que a reunião deveria ter acontecido há mais tempo:
- Temos muitas coisas boas para falar do governo, mas é preciso uma relação mais forte com a bancada.
O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), disse que a bancada do partido quer discutir a estratégia para a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula no próximo ano.
- É uma hipótese real a reeleição - disse o líder.
Segundo Fontana, "o pior da crise já passou" e o momento é de mostrar os avanços do governo.
- Temos de levar em conta que os resultados dos nossos governos são melhores que os dos nossos opositores - disse Fontana, citando os resultados da economia e da geração de empregos.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
Enquete: como o Brasil deve responder ao boicote de empresas francesas à carne do Mercosul?
“Esmeralda Bahia” será extraditada dos EUA ao Brasil após 9 anos de disputa
Deixe sua opinião