Em um esvaziado Congresso Nacional da juventude do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (20) que o partido precisa priorizar as eleições municipais do ano que vem, sob pena de se prejudicar no pleito presidencial de 2018. Ele também levantou suspeitas sobre as doações de dinheiro feitas ao PSDB por empreiteiros ligados à Operação Lava Jato.
“Quero saber se o dinheiro do PSDB foi buscado numa sacristia. Então nosso companheiro Vaccari, que é um companheiro inteligente, pegava dinheiro de propina e o PSDB ia lá no cofre e pegava dinheiro limpo? Até porque tudo o que se fala tem que se ter prova. Não podemos permitir que chamem petista de ladrão”, afirmou.
Lula fez críticas ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB-SP) por fechar escolas no estado. “Enquanto a gente está se matando para abrir mais escolas, o governo de São Paulo está fechando. É uma contradição”, comparou.
Ele defendeu que o partido priorize as eleições do próximo ano: “Não tem 2018 se a gente não tiver 2016, nós precisamos construir 2016. O ideal para um partido é que ele pudesse disputar e ganhar a presidência, 27 governadores, prefeituras. Seria maravilhoso que só a esquerda pudesse fazer isso, mas não é possível, porque o povo não faz aquilo que a gente quer, faz aquilo que ele quer”.
Lula disse ainda que é preciso garantir a governabilidade e, para isso, fazer alianças. “Seria maravilhoso que a Dilma sozinha pudesse governar. Mas entre meu desejo ideológico e o mundo real da política tem uma distância”, afirmou.
O ex-presidente disse que é preciso romper com as tentativas de setores da sociedade e da mídia a induzir as pessoas a não gostarem de política, pediu mobilização da juventude e que tenham orgulho do partido e dos governos petistas. “Uma coisa que me preocupa nesse momento é a tentativa de vários setores dos meios de comunicação, de vários setores da sociedade, a tentar induzir a sociedade brasileira a não gostar de política, de que a palavra política por si só está apodrecida”, afirmou, ao complementar, perguntando se quem resolverá os problemas do país sem política será “um programa de TV, um apresentador”.
Lula disse que os governos dele e da presidente Dilma fizeram muito mais pelo Brasil do que qualquer outra gestão. Segundo ele, as críticas se devem ao “incômodo” que isso causa à elite brasileira. O petista criticou a elite, que, segundo ele, “nunca se interessou pelo povo brasileiro”. Ele disse que os pobres e negros incomodam a elite porque o país foi preparado para ser governado para apenas um terço da sociedade. “Esse país foi preparado para ser governado para um terço da sociedade. A desgraça de quem não gosta de politica é que ela é governada por quem gosta”.
Ele disse que a juventude precisa se mobilizar porque em todos os lugares do mundo sempre foi dela o primeiro passo para mudanças na política. Lula contou que esteve na semana passada com o ex-presidente do Uruguai José Mujica e que ambos pensam em fazer, juntos, debates com jovens da América Latina.
União do partido
Ele voltou a pedir que o partido fique unido em meio à crise: “Tem que levantar a cabeça. Se estamos passando por um momento delicado é hora da gente se juntar”, pediu aos militantes.
O ex-presidente disse ainda, sobre a situação delicada pela qual passa o governo Dilma, que é preciso “levantar a cabeça”. Ele voltou a dizer que chamavam a presidente de poste, mas que o “poste iluminou”: “Diziam: ela nunca foi eleita nada, ela é um poste. O poste iluminou. É preciso levantar a cabeça. Imagina se na primeira febre a mãe de vocês jogasse vocês fora?”
Ao ouvir os gritos de guerra dos militantes, que pediram “Fora, Cunha”, “Fora, Levy” e “Fora, Meirelles”, Lula lembrou o primeiro grande encontro que deu origem ao PT, em 1980, no colégio Sion. As palavras de ordem que estou vendo aqui é doce de cupuaçu em relação às palavras de ordem que a gente ouvia no Sion — comparou.
“Lula, eu quero ver você romper com o PMDB” e “Fora já, fora daqui, Eduardo Cunha junto com Levy”, gritavam os petistas, que variavam com as frases com “Fora já, fora daqui, nem Meirelles nem Levy”; e “Fora, Cunha”.
Guerreiros
No ginásio onde ocorre o evento, em um clube de Brasília, uma faixa está estendida com os rostos de João Vaccari Neto, Delúbio Soares, José Genoino, João Paulo Cunha e José Dirceu com a frase “Guerreiros do povo brasileiro”.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse acreditar que, “apesar das adversidades”, é possível aumentar o número de prefeitos e vereadores eleitos nas eleições municipais de 2016. Sobretudo num momento que, segundo ele, a oposição faz “tentativas golpistas”. “Apesar das adversidades, acredito que poderemos manter a trajetória de crescimento das últimas eleições, fora com o pessimismo. Essas eleições não são um fim em si mesmo, queremos acumular forças, estabelecer uma contra-hegemonia na sociedade”, disse o presidente do PT
O dirigente chamou de corajosos os “companheiros” que estão acampados em frente ao Congresso para conter os “golpistas”. Ele chamou a atenção para a gravidade do momento político atual e pediu integração entre as forças internas do PT.
O dirigente atacou a “verdadeira campanha ofensiva” contra o PT, dizendo que é conduzida “pelos inconformados com as quatro derrotas presidenciais”. “A intolerância e o ódio político é um veneno para o país”.
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