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Em tom de cobrança, segundo a reportagem apurou, o ex-presidente quis saber o que havia acontecido para que a convocação do presidente do Instituto Lula fosse aprovada | Ricardo Stuckert/ Instituto Lula/
Em tom de cobrança, segundo a reportagem apurou, o ex-presidente quis saber o que havia acontecido para que a convocação do presidente do Instituto Lula fosse aprovada| Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula/

O ex-presidente Lula telefonou nesta quinta-feira (11) para o vice-presidente, Michel Temer (PMDB), e reclamou da convocação de Paulo Okamotto pela CPI da Petrobras.

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Em tom de cobrança, segundo a reportagem apurou, o ex-presidente quis saber o que havia acontecido para que a convocação do presidente do Instituto Lula fosse aprovada. Okamotto, braço direito de Lula na entidade, será chamado para explicar as doações de R$ 3 milhões feitas ao Instituto Lula pela empreiteira Camargo Corrêa, investigada no esquema de corrupção da Petrobras.

Temer disse que também foi surpreendido pela notícia na tarde de quinta. O presidente da CPI, Hugo Motta, é do PMDB da Paraíba.

O vice, no entanto, garantiu a Lula que não havia uma operação apoiada pelo PMDB contra o petista. Ele ficou de conversar com Motta e com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sobre o episódio para dar uma posição a Lula. Cunha negou qualquer relação com a convocação e disse que não apoiava o movimento.

BRONCA

Lula aproveitou o 5.º Congresso do PT, em Salvador, para dar uma bronca nos parlamentares e demais representantes da cúpula do partido. Ele reclamou da falta de articulação da bancada que permitiu a convocação de Okamotto.

Segundo participantes, Lula afirmou que o Instituto FHC, vinculado ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, também recebeu recursos da empreiteira. “Como vocês deixam convocar o Okamotto? Por que não convocam o iFHC?”, disse. Ainda segundo participantes, Lula cobrou uma atuação mais aguerrida da bancada em defesa do PT.

O ex-ministro da Saúde e atual secretário de Relações Governamentais da Prefeitura de São Paulo, Alexandre Padilha, endossou as críticas ao circular entre integrantes da bancada petista: “Como vocês deixaram isso acontecer?”, repetia.

‘COINCIDÊNCIA’

Nesta quinta, Okamotto disse à Folha de S.Paulo ser “muita coincidência” a divulgação às vésperas do 5º Congresso do PT do laudo mostrando a doação da Camargo Corrêa. “Você faz luta política e tenta potencializar. Toda vez que tem evento importante do PT há algum tipo de movimentação em algum lugar para tentar desqualificar o partido, isso é uma coisa notória. Sempre acontece alguma coisa na véspera das coisas do partido”, disse Okamotto.

O presidente do Instituto Lula disse que não é ‘novidade’ que Lula cobre por palestras. “Se for para explicar as doações das empresas, já é público e notório que Lula faz palestras para ramo de construção, bancos, alimentos, indústria de bebidas. Quando são palestras de caráter empresarial, elas costumam ser cobradas, tem cachê. Tem contrato e é tudo contabilizado.”

Para Okamotto, há uma “luta política” para desgastar Lula e o PT. “Lula é do PT, é uma operação para atingir todo mundo que é do PT. Tudo que se faz, que se tenta destruir tem o objetivo de pegar o PT e os petistas todos.”

CONVOCAÇÕES

A votação da convocação de Okamotto ocorreu sob protestos do relator Luiz Sérgio (PT-RJ) e dos parlamentares petistas, que acusaram Motta de motivar a pauta por causa da abertura do congresso do PT nesta quinta, em Salvador.

A sessão foi tensa, com teve bate-bocas entre o presidente e parlamentares do PT, que tentaram adiar a votação. “Estão fazendo o possível para expôr o PT no dia do seu congresso”, afirmou o deputado Afonso Florence (BA), vice-líder do partido na Câmara.

A CPI também aprovou a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico do ex-ministro José Dirceu e quatro acareações envolvendo o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto: dele com o ex-gerente da Petrobras e delator da Lava Jato Pedro Barusco, uma outra com o ex-diretor da estatal e também delator Paulo Roberto Costa, mais uma com o ex-diretor Renato Duque e uma quarta com Barusco e Duque ao mesmo tempo. Também está prevista uma acareação apenas entre Barusco e Duque.

Foi aprovado ainda requerimento convocando o tesoureiro da campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010, José de Filippi Júnior -a Lava Jato investiga se o esquema de corrupção da Petrobras abasteceu a campanha da presidente.

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