Passado o clima de “perplexidade” com o qual o ex-presidente Lula encarou a saída do PMDB do governo, o petista agora vai apostar em um movimento casado para salvar o mandato da presidente Dilma Rousseff e enfraquecer o PMDB: dar força total às manifestações contra o impeachment – o próximo ato acontecerá nesta quinta-feira (31) –, reforçando o discurso de que há em curso um golpe.
Além disso, vai intensificar a negociação de cargos com partidos aliados, como PP e PR, no vácuo deixado pelo PMDB. Segundo aliados, Lula quer “abertura total” para conversas com os aliados, que ajudarão a “formar um novo governo”.
Temer oferece cargos em seu “futuro governo” para tirar o PP da base de Dilma
Leia a matéria completaHá uma preocupação de atrelar uma ação à outra para afastar a ideia de fisiologismo e de que o governo estaria apenas distribuindo cargos para segurar os aliados.
Na avaliação do ex-ministro Gilberto Carvalho, que conversou com Lula nesta quarta-feira, em Brasília, a decisão do PMDB reforça o discurso, usado por movimentos sociais e outros setores contrários ao impeachment, de que o impedimento é um golpe e é comandado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Carvalho disse ainda que a “perplexidade” da decisão do PMDB foi sentida até mesmo por quadros peemedebistas.
“Estamos animados porque a saída do PMDB provoca perplexidade até no PMDB e em outros partidos que estão se apresentando para criar um novo governo. A gente vê que se recria um fenômeno contra o golpe na sociedade, muito apoio de jovens, setores da classe artística. Apostamos no constrangimento da foto de ontem do PMDB, Romero Jucá ao lado do Eduardo Cunha. Então o que acontece é que a presidente Dilma, que não cometeu crime nenhum, está sendo julgada por uma pessoa indiciada em sete processos”, disse o ex-ministro, referindo-se ao presidente da Câmara, réu na Operação Lava Jato.
A estratégia vai de encontro ao discurso que parlamentares petistas começaram a adotar no Congresso, com fortes críticas ao vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) e sua “conspiração” para tomar o lugar de Dilma. Temer foi escolhido como alvo prioritário do partido, e uma das estratégias nesse sentido será a de colar sua imagem a do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, na tentativa de enfraquecê-lo. Os petistas acreditam que os manifestantes favoráveis ao impeachment não defendem a entrada de um governo do PMDB. A ideia, portanto, é mostrar que Temer, Cunha e os demais peemedebistas estão aproveitando o momento político para “assaltar” o poder.
“A narrativa agora é colocar o Temer como alvo, porque vai ter um efeito, vai diminuir as manifestações contra o governo. Afinal, ninguém está indo para as ruas colocar Temer e Eduardo Cunha no poder. Esse é o velho PMDB se aproveitando das manifestações de rua para assaltar o poder “, disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
Enquanto o governo renegocia os cargos que ficarão vagos com a saída dos peemedebistas, o ex-presidente Lula tem, segundo aliados, se resguardado e conversado apenas com alguns dirigentes partidários e integrantes de movimentos sociais. Ele chegou a cogitar ficar em Brasília para participar do ato desta quinta-feira a favor do governo. Mas, como o Supremo Tribunal Federal (STF) deverá decidir, também amanhã, se referenda ou não a decisão do ministro Teori Zavascki, que determinou que o juiz Sérgio Moro envie à Corte as investigações sobre Lula, o ex-presidente achou mais “sensato” voltar a São Paulo.
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Após críticas, Randolfe retira projeto para barrar avanço da direita no Senado em 2026
Lula não passa presidência para Alckmin e ministros assumem tratativas no Congresso; assista ao Entrelinhas
São Paulo aprova isenção de IPVA para carros híbridos; elétricos ficam de fora
Deixe sua opinião