O porta-voz do Palácio do Planalto, Marcelo Baumbach, informou nesta segunda-feira (19) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá responder carta enviada pelo presidente italiano, Giorgio Napolitano, com reclamações à decisão do governo brasileiro de conceder asilo ao preso italiano Cesare Battisti. A carta, porém, só será divulgada se Napolitano quiser.
"A decisão do governo é uma decisão soberana e o governo não pretende antecipar o conteúdo dessa carta", disse Baumbach. Lula e assessores se irritaram porque a carta enviada por Napolitano só chegou à assessoria de Lula na tarde de sábado, depois de ser divulgada pela manhã à imprensa italiana.
Na semana passada, o ministro da Justiça, Tarso Genro, concedeu o status de refugiado político a Battisti, ex-membro do grupo terrorista italiano Proletários Armados pelo Comunismo (PAC). Battisti está preso no Brasil desde março de 2007 e enfrenta um pedido de extradição no Supremo Tribunal Federal (STF).
Uma decisão tomada na sexta-feira pelo presidente do STF, Gilmar Mendes, impediu a soltura imediata de Battisti. Mendes pediu ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, um parecer sobre o futuro do italiano. Em parecer anterior enviado ao tribunal em março do ano passado, Souza defendeu a extradição de Battisti.
Os crimes pelos quais Battisti foi declarado culpado na Itália foram cometidos entre 1978 e 1979. Nos anos 1980, o italiano se beneficiou de uma política do ex-presidente da França François Mitterrand, que acolheu extremistas dispostos a abandonar a militância. Nas duas últimas décadas Battisti tornou-se escritor. Quando Jacques Chirac chegou ao poder, o benefício dado pelo governo francês foi retirado e o italiano fugiu para o Brasil por volta de 2004, onde foi preso em 2007, no Rio de Janeiro.
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