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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa, na manhã desta segunda-feira, de reunião de coordenação política, no Palácio do Planalto, com os ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, e da Fazenda, Antônio Palocci. Eles deverão discutir a repercussão do pronunciamento do presidente da sexta-feira sobre a crise política e também avaliar a necessidade que Lula faça um novo discurso.

Assessores negam que o presidente vá fazer um pronunciamento durante a reunião, mas não está descartado que o presidente prepare um discurso para ser apresentado à Nação mais tarde.

Depois da reunião ministerial de sexta-feira, o presidente Lula iniciou um movimento de reação. Montou uma espécie de gabinete de crise com os principais ministros da área política. O objetivo é defender o governo, mas, principalmente, antecipar situações e trabalhar com vários cenários.

Enquanto o presidente Lula reúne os ministros da área política, os partidos de oposição também conversam nesta segunda-feira. Um dos resultados deve ser uma agenda de votação no Congresso. A reunião no gabinete da Liderança do PFL no Senado é a primeira dos oposicionistas desde que a crise começou. Já existe consenso de que não é o momento de se falar em impeachment do presidente e de que é preciso dar prioridade às investigações nas CPIs instaladas no Congresso.

O encontro deve alinhar o discurso dos oposicionistas, mas não será conclusivo. O pequeno PSOL da senadora Heloísa Helena (AL), por exemplo, defende uma consulta à população, aproveitando o referendo sobre o desarmamento, sobre a antecipação das eleições de outubro de 2006. Uma idéia até agora sem respaldo dos grandes partidos, o PSDB e o PFL.

- A antecipação de eleições é tão precipitada como falar em impeachment, porque também rompe regras. O Brasil deve aprender a ir até o fim da linha - avalia o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).

Nesta semana, as CPIs no Congresso ouvirão mais depoimentos. A CPI do Mensalão ouvirá na terça-feira o tesoureiro do PL Jacinto Lamas e Emerson Palmieri, ex-tesoureiro do PTB. Na quarta-feira, é a vez de Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT.As investigações avançam também no Ministério Público e na Polícia Federal. A semana vai ser marcada também por várias manifestações - a favor e contra o governo.

PT QUER REAGIR - A crise política está, aos poucos, fazendo o PT encolher. O senador Cristovam Buarque deve deixar nesta segunda-feira e o partido. Na semana passada, quem seguiu o mesmo caminho foi o deputado federal Paulo Pinheiro, ligado à área da saúde.

O partido ainda corre o risco de perder o dinheiro do fundo partidário. Segundo especialistas em direito eleitoral, o PT pode perder por um ano o direito ao fundo partidário, verba que garante metade da receita de R$ 48 milhões do partido. Além disso, o PT corre o risco de ter o registro cassado.

No fim de semana, os candidatos que vão disputar o comando do PT no dia 18 de setembro se encontraram em São Paulo para falar da crise e também para acertar as eleições internas, que têm a difícil tarefa de levantar o partido.

Em uma disputa acirrada, dez correntes brigam pelos votos de mais de 800 mil filiados. Nesta segunda-feira, Plínio de Arruda Sampaio, que concorre à presidência, se encontra com o presidente do PT, Tarso Genro, para discutir o encaminhamento da eleição.

Na terça-feira, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares vai depor à Comissão de Ética do PT. Para se defender das acusações, ele pode apresentar até oito testemunhas. Delúbio vai ter que explicar os negócios com Marcos Valério e como fez crescer a dívida do partido. Ele também vai ter que explicar as dez viagens que, segundo o jornal português "Expresso", teria feito a Lisboa. Nenhuma dela contabilizada pelo partido.

- Estamos insistentemente junto ao campo majoritário do partido defendendo a expulsão desse cidadão - declara Raul Pont, candidato à presidência do PT.

O deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) encaminhou um requerimento à CPI dos Correios para que o Departamento de Aviação Civil verifique se as dez viagens de Delúbio Soares a Lisboa realmente ocorreram.

- No caso de Delúbio Soares, acho que é muito difícil evitar uma expulsão por todos os fatos que foram relacionados - diz o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP).

A direção que for eleita terá que administrar uma dívida oficial de R$ 59 milhões, além de fazer a campanha do ano que vem. O PT, que se acostumou a fazer grandes gastos nas eleições, terá que mudar de hábitos.

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