Conciliar as agendas de chefe de Estado e de candidato à reeleição vai limitar as oportunidades de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à metade dos eventos eleitorais que o seu principal concorrente, o tucano Geraldo Alckmin, terá chance de realizar. Lula contará com apenas um dia nos finais de semana para empreender viagens mais longas, realizar comícios e encontros com personalidades políticas.
Analistas do PT e do PSDB avaliam que o número viável de deslocamentos é de duas viagens por dia. O presidente só terá tempo disponível para campanha às sextas-feiras à noite, sábados e manhãs de domingo, com uma agenda aberta para realizar cerca de 36 eventos nos nove finais de semana que restam até o primeiro turno, em 1º de outubro.
Já Alckmin, que deixou o cargo de governador de São Paulo, terá folga para participar de aproximadamente 72 eventos eleitorais. Ele poderá viajar a oito diferentes estados por semana, independentemente da distância.
O Comitê Nacional de campanha do PT ainda pretende organizar uma viagem de Lula no meio da semana, após o expediente de trabalho, com retorno a Brasília no mesmo dia. Assim, haveria tempo para o presidente realizar cinco visitas a diferentes estados por semana, sendo quatro deslocamentos próximos à capital federal.
Os colégios eleitorais de Minas Gerais (13,7 milhões de eleitores), Rio de Janeiro (10,9 milhões) e Bahia (9,1 milhões) serão prioridade tanto de tucanos quanto de petistas. Nesses três estados, Lula está à frente nas pesquisas e enfrentará batalhas difíceis para manter sua vantagem. O PT ainda focará Rio Grande do Sul (7,75 milhões) e São Paulo (28 milhões), onde o tucanato tem certo conforto.
- Onde Lula está bem (regiões Norte e Nordeste), ele vai. Onde está mal, ele vai mais - avaliou o presidente do PT, Ricardo Berzoini, coordenador nacional da campanha.
A avaliação é que o presidente não precisa percorrer o Brasil para vencer a eleição. Com uma agenda enxuta, o objetivo é privilegiar as regiões Sul e Sudeste.
Lula havia pedido a seus auxiliares que não o sobrecarregassem com viagens, pois não queria deixar de governar o país por conta da campanha. Mas as pesquisas eleitorais que sugerem o crescimento gradual de Alckmin fizeram que o comando da campanha pela reeleição começasse a reavaliar a agenda de viagens.
- Lula está muito preso ao cargo. A campanha está começando agora e temos que encontrar um meio termo entre o mandato e campanha - avaliou Roberto Amaral, vice-presidente do PSB, que apóia a candidatura do presidente da República.
Berzoini adiantou que Lula só deve visitar os 10 maiores colégios eleitorais do país, que agregam 95,5 milhões dos 125,9 milhões de eleitores.
- Lula tem a caneta. Eu tenho as viagens e mais tempo de televisão para convencer o eleitor - disse Alckmin à Reuters.
O candidato tucano, que costuma passar dois dias da semana na capital paulista, onde mora, pretende visitar com regularidade estados estratégicos nos quais o presidente tem vantagem. O senador Sérgio Guerra (PSDB), um dos coordenadores da campanha nacional de Alckmin, cita Minas Gerais como exemplo.
- Lula está na frente lá, mas não demoraremos muito a ultrapassá-lo. Por isso, visitamos o Estado pelo menos uma vez por semana - disse.
Embora Alckmin tenha mais tempo para conquistar eleitores, o analista Luciano Dias, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos, pondera que a real vantagem do tucano está nos seis minutos diários de TV e rádio que terá a mais em relação à propaganda eleitoral da aliança petista.
- O que conta realmente é o tempo de televisão - avaliou Dias.
A campanha oficial na TV, conforme autoriza a legislação eleitoral brasileira, começa em 15 agosto e vai até a véspera da eleição.
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