Em meio a uma crise política, econômica e de popularidade, o ex-presidente Lula e petistas próximos a ele estão defendendo a substituição do ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) ou, pelo menos, que ele seja alijado das costuras políticas, como forma de melhorar a relação do governo com o Congresso. Lula também gostaria que a presidente Dilma Rousseff escalasse um nome mais experiente para o lugar do ministro Pepe Vargas (Relações Institucionais), responsável formalmente pela articulação política.
A Secretaria de Imprensa da Presidência da República divulgou uma nota ontem negando o “rumor” de que Lula tenha sugerido a Dilma a troca na chefia da Casa Civil. “O ministro Aloizio Mercadante tem total confiança da presidenta e seguirá cumprindo suas funções à frente da Casa Civil”, diz trecho da nota. O Instituto Lula também divulgou nota negando que o ex-presidente tivesse feito críticas a Mercadante.
Braço-direito da presidente, Mercadante tem sido criticado pela cúpula do PMDB, que reclama que o ministro da Casa Civil “não funciona nem para dentro nem para fora do governo”. A base aliada reclama de falta de diálogo e de só ser chamada para defender medidas impopulares, como o ajuste fiscal.
Lula tem afirmado, de acordo com pessoas próximas, que não é justo colocar todos os erros na conta de Pepe Vargas e que seria necessário mexer também na Casa Civil. O ex-presidente tem defendido os nomes dos ministros Jaques Wagner (Defesa) e de Ricardo Berzoini (Relações Institucionais) para assumir a interlocução com o Congresso e com os partidos.
Wagner já tem atuado como bombeiro. No domingo, ele foi à casa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para tentar recompor a relação.
Lula defende ainda que Dilma dê um ministério a mais, e de peso, para o PMDB. Petistas próximos a Lula defendem a nomeação do ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) para o Ministério da Integração Nacional, comandado pelo PP.
Diante dos rumores de o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, pode ser retirado no núcleo de articulação política de Dilma, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – um dos principais críticos dos negociadores do governo – minimizou a atuação de Mercadante nesta quarta-feira. “Mas o Mercadante está na articulação política? Eu não sabia”, ironizou Cunha.
Em seguida, o peemedebista completou dizendo que Mercadante participa “eventualmente” de conversas políticas, mas que o problema de diálogo com o governo é outro. Desde que assumiu a presidência da Câmara, Cunha centra fogo na relação do Palácio do Planalto com o Congresso e, repetidas vezes, criticou a atuação do ministro Pepe Vargas (Relações Institucionais). “(Mercadante) Pode até participar eventualmente de conversa política, mas não tenho crítica ao ministro Mercadante, isso não é uma demanda que está sendo colocada por nós para qualquer tipo de diálogo, aí é outro tipo de problema”, disse Cunha.
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