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 | Ricardo Stuckert/Instituto Lula
| Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Em vez de gritos “Fora, Temer”, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conclamou os que são contrários ao governo interino a enviarem mensagens pelo WhatsApp para senadores como forma de pressioná-los a votarem contra o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.

O apelo a uma mudança de tática foi feito para uma plateia de integrantes de movimentos de esquerda da zona rural nesta terça-feira (12), em Carpina, Pernambuco, durante uma série de visitas de Lula a cidades nordestinas, iniciada nesta segunda (11).

“Vocês precisam mandar WhatsApp para cada senador. Aqui tem um que foi ministro da Dilma e depois ficou contra ela”, disse Lula. “É importante mandar WhatsApp para ele dizendo: ‘Cidadão, se manca, cidadão’. Manda 10 [mensagens] por dia, 15, 20 por dia. Faça um WhatsApp pedindo pra ela ficar, vocês que não largam o celular.”

A imprensa foi impedida de acompanhar o encontro ocorrido pela tarde, sob alegação de que se tratava de uma reunião fechada. O áudio do discurso, mais tarde, foi repassado pela assessoria do Instituto Lula.

O petista voltou a dizer que o destino de Dilma e do Brasil encontra-se nas mãos de seis senadores. De acordo com Lula, a pressão deve ser feita, mas de maneira civilizada.

“Vamos à casa deles conversar de forma carinhosa, todo mundo rindo, não vamos xingar o senador. Fale assim: ‘Senador, meu querido senador, não seja golpista. Não vote pra tirar nossa presidenta’. Se a gente fizer isso, podemos mudar o jogo, mas temos pouco tempo”, afirmou.

Lula também disse estar preocupado com o clima de rivalidade que tem tomado conta do país. Enquanto os que querem a saída de Dilma “transmitem ódio”, em sua avaliação, os que defendem a petista devem dar “amor como resposta”.

“Quando um companheiro encontrar um golpista em um bar não é pra fechar a cara não, é pra conversar civilizadamente, democraticamente. Quando um petista encontrar um adversário é pra cumprimentar. Que historia é essa de brigar?”, disse.

‘Ela não é mola de fusca’

Em mais um discurso de apoio à presidente afastada, Lula não deixou, com bom humor, de fazer críticas ao estilo dela. “‘Tá certo que a Dilma não é nenhuma mola de fusquinha, às vezes ela é dura, o pessoal tem medo dela, mas isso é defeito que a gente conserta.”

O petista voltou a reclamar do Congresso Nacional, que não teria permitido Dilma governar, e deixou no ar que seria uma opção para 2018. “Eles ainda tinham uma coisa esquisita que era: ‘Elege uma mulher que ficou presa três anos e meio e esse tal de metalúrgico quer voltar outra vez? Aí é demais’“, disse.

O ex-presidente lembrou alguns dos programas do seu governo como o “Luz para Todos” e a expansão do “Bolsa Família” e reforçou indiretamente o desejo de disputar as eleições de 2018, afirmando que ainda tem “muita lenha para queimar”.

“Tenho 70 anos de idade, estou me matando de fazer física de manhã, andando 10 km todo santo dia, porque eles têm que saber que estou com 70 anos, cabeça de 40, a saúde de 30 e a esperança de 20.”

O ex-presidente não poupou críticas a Temer. Afirmou que, mesmo sendo mais velho, o presidente interino tem muito que aprender com ele, já que o petista perdeu eleições para a Presidência, mas nunca sugeriu o que chama de golpe. “Ele [Temer] sabe que quem quiser chegar à Presidência da República tem que disputar eleição e convencer a maioria do povo. Mas ele preferiu juntar uma maioria no Congresso Nacional.”

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