O presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou nesta quinta-feira a dirigentes do PSB que só vai definir a reforma ministerial em meados de março, depois da convenção nacional em que o PMDB escolherá sua nova direção.
De acordo com o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, Lula decidiu esperar a convenção do PMDB, em 11 de março, para saber qual a corrente mais forte no partido - a do atual presidente, deputado Michel Temer (SP) ou a do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL).
``A equação é simples: o presidente só vai desenhar a equipe depois que tiver clara a situação interna do PMDB, maior partido do Congresso e da coalizão, para saber quem serão seus interlocutores'', disse Campos depois da audiência dos socialistas com Lula.
O aviso de Lula contrariou a expectativa criada pelos aliados de Temer e por dirigentes do PP, PR e PTB, aliados que conversaram com Lula sobre a reforma antes do Carnaval. Eles esperavam que o novo ministério fosse anunciado na primeira semana de março.
``O presidente ainda não terminou sequer a primeira rodada de conversas com os partidos, ainda falta falar com o PT. Ele quer fazer uma segunda rodada e aguardar o resultado do PMDB'', acrescentou Campos.
Michel Temer é candidato à reeleição e deve disputar a presidência na convenção do PMDB com o ex-ministro Nelson Jobim (RS), apoiado por Renan. O grupo de Renan e do ex-presidente José Sarney (AP) indicou os atuais ministros de Minas e Energia, Saúde e Comunicações.
O grupo de Temer quer indicar o futuro ministro da Saúde . Numa audiência há duas semanas, Lula disse a Temer e outros dirigentes que o PMDB manteria a sua cota e deveria ganhar mais um ministério, para a bancada da Câmara.
O nome mais forte para a quarta vaga é o do deputado Geddel Vieira Lima (BA), aliado do governador petista Jaques Wagner. O ministério cobiçado é o da Integração Nacional, ocupado hoje pelo PSB.
``O presidente Lula deixou claro que não tem compromissos com nenhuma força política quanto a ocupação de Ministérios. E fez uma avaliação muito positiva sobre o trabalho dos ministros do PSB'', disse Roberto Amaral, primeiro vice-presidente do partido. O PSB também ocupa a pasta de Ciência e Tecnologia.
A audiência dessa quinta-feira durou quase três horas e foi a mais longa conversa de Lula com dirigentes de um dos onze partidos da coalizão. O encontro foi precedido por declarações de socialistas à imprensa, condenando a entrega da Integração Nacional ao PMDB.
Além de Campos e Amaral, participaram do encontro os líderes do PSB na Câmara, Márcio França (SP), e no Senado, Renato Casagrande (ES), o líder do Governo na Câmara em exercício, Beto Albuquerque (PSB-RS), e o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro.
Segundo os socialistas, Lula insistiu que sua prioridade é a implantação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e isso o levará a fazer poucas mudanças na equipe, especialmente nas pastas mais diretamente ligadas ao programa: Transportes, Minas e Energia, Cidades e Integração Nacional.
À tarde, Lula recebeu dirigentes do PCdoB, que tem o ministério dos Esportes. Segundo o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, Lula não ofereceu cargos nem pediu indicações e ``não demonstrou nenhuma pressa'' em fechar a reforma.
``Nosso apoio ao governo não depende da indicação de cargos,'' disse Rabelo.
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