Independentemente das medidas a serem anunciadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que discute em reunião da coordenação de governo o episódio de grampo no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro general Jorge Félix, do Gabinete de Segurança Institucional, avisou que tomou duas providências. Ele autorizou uma sindicância interna para apurar a responsabilidade da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e solicitou à Polícia Federal (PF) a abertura de inquérito. Porém, a idéia de Lula, segundo fontes do Congresso, é afastar temporariamente o diretor-geral da Abin, Paulo Lacerda, até que as investigações sejam concluídas.
Na conversa com o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), e com os senadores Tião Viana (PT-AC) e Demóstenes Torres (DEM-GO), no Planalto, Lula reafirmou sua confiança no diretor-geral da Abin, Paulo Lacerda, mas não escondeu sua preocupação com o fato de a prática de escutas telefônicas ter sido recorrente em seu governo. A revista Veja publicou na edição desta semana uma suposta gravação clandestina de conversa entra o presidente do STF, Gilmar Mendes, e Demóstenes, ocorrida em julho.
"O presidente disse que a situação é extremamente grave e que o grampo vem acontecendo sistematicamente", disse Tião Viana. "Ele afirmou que há um descompasso, que vai localizar esse descompasso e tomar medidas duras", prosseguiu. Depois da reunião da coordenação de governo, Lula prometeu comunicar aos senadores as medidas do governo. Além de Jorge Félix, participaram da reunião no gabinete de Lula o vice-presidente José Alencar e o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. O ministro da Justiça, Tarso Genro, chegou quase ao final do encontro.
Senado
Os senadores, por sua vez, prometeram acelerar a votação de projeto que trata sobre grampo, de autoria do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Preocupados com os rumores de que também teria sido feito grampo nos gabinetes do Senado, os parlamentares querem que isso também seja investigado.
O diretor-geral da Casa, Agaciel Maia, afirmou que o Senado tem uma central de telefone fechada, de fibra ótica, que acusa eventuais ruídos nas ligações. Ou seja, a central teria identificado a ocorrência de escutas ilegais o que, segundo ele, não aconteceu.
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