Lula volta a defender Sarney, que passa o dia em articulações

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SÃO PAULO E BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem a punição aos senadores envolvidos nos últimos escândalos que tomaram o Senado, mas voltou a defender o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AC).

"Eu acho que os senadores, todos eles têm mais de 35 anos de idade, portanto, estão na idade adulta. Eles têm que tomar as medidas para fazer as coisas acontecerem. Ah, quem está errado? Fulano, beltrano cicrano? Puna-se, sabe. Quem está certo? Fulano, beltrano cicrano? Fica", afirmou o presidente.

Lula saiu novamente em defesa de Sarney – pressionado para renunciar. Segundo o presidente, Sarney tomou as medidas necessárias contra a crise. "O presidente Sarney já anunciou que vai fazer com o Tribunal de Contas da União, com a Polícia Federal, com o Ministério Público", disse.

O presidente negou, no entanto, que a sua defesa de Sarney tem como objetivo preservar a aliança do PT com o PMDB nas eleições presidenciais do ano que vem. "A minha cabeça não trabalha pensando em 2010; 2010 é consequência do resultado que a gente colher até o momento da disputa eleitoral."

Estratégia

Para traçar uma estratégia de sobrevivência à frente do comando do Senado, Sarney não compareceu ontem ao plenário, evitou a imprensa e se reuniu mais de uma vez com sua pequena tropa de choque: composta pelos senadores peemedebistas Renan Calheiros (AL) e Wellington Salgado (MG). Em meio às pressões para se afastar do cargo, Sarney passou a manhã em seu gabinete em conversas com os dois correligionários, mais o líder do PTB, Gim Argello (DF), que o aconselharam a permanecer no cargo.

No dia anterior, Sarney preferiu ficar em sua residência para não ter de assistir aos insistentes pedidos de senadores, que em discursos duros no plenário, defenderam que ele se licencie da presidência do Senado.

Ontem mesmo, além de Lula, outras lideranças começaram a se manifestar a favor de Sarney. O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) negou que a atual direção da Casa seja responsável pelos escândalos. "No momento não existem erros cometidos pelo atual colegiado da Casa", argumentou Fortes. "Os únicos que estão pedindo que ele (Sarney) se afaste são os senadores que não votaram nele para presidente do Senado", disse Wellington Salgado. Apesar disso, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) voltou ontem a defender o afastamento de Sarney do cargo de presidente da Casa.