Passadas três semanas do início da crise no Ministério do Trabalho, crescem as chances de o PDT perder a pasta na reforma ministerial programada pela presidente Dilma Rousseff para o primeiro bimestre de 2012. O partido não recebeu nenhuma garantia do Palácio do Planalto de que manterá a pasta sob sua jurisdição, mesmo que vingue a ideia do presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), de afastamento do ministro Carlos Lupi, e sua substituição por um outro pedetista.
A estratégia montada por Paulinho e seu grupo de dar um "aviso prévio" para saída de Lupi e pôr em seu lugar um aliado contraria o Palácio do Planalto. Não foi à toa que o ministro-chefe da Casa Civil, Gilberto Carvalho, mandou nesta quarta-feira (23) um recado claro ao PDT ao afirmar que o regime é presidencialista e "Lupi continua ministro e a vida segue para nós".
"Primeiro, não estamos num parlamentarismo. Segundo, não há manifestação formal do PDT de se retirar da base aliada. Pelo contrário, há uma reafirmação e a atitude deles é muito nobre de reafirmar o apoio ao governo".
O temor do PDT é que na reforma ministerial perca o Trabalho para o PT, que reivindica a pasta que ocupou até 2007. Na dança das cadeiras que será promovida por Dilma, a tendência é os pedetistas ficarem com outra pasta. Diante dessa constatação, o líder do partido na Câmara, Giovanni Queiróz (PA), começou a defender que o PDT ganhe um Ministério com maior "capilaridade", como Cidades ou Desenvolvimento Social.
Os planos da presidente Dilma seriam, no entanto, bem diferentes das pretensões da bancada da Câmara. O escolhido para representar o PDT no novo Ministério seria o ex-senador Osmar Dias (PDT-PR). É a forma em estudo para compensá-lo pelo abandono de sua candidatura à reeleição ao Senado, no ano passado, só para dar palanque para a campanha presidencial de Dilma no Paraná, nas eleições de 2010.
Diante do enquadramento do Palácio do Planalto, a cúpula do PDT tentou minimizar a tentativa de aviso prévio à Lupi engendrada em reunião da legenda na noite de ontem. "Pelo partido, esse assunto todo está encerrado. Cabe a presidente Dilma avaliar a permanência dele. Ele (Lupi) permanece enquanto a presidente confiar nele", afirmou o secretário-geral do PDT, Manoel Dias. "Somos solidários ao Lupi e o entendimento que ele deve sair não é verdade", emendou.
Ao mesmo tempo, integrantes históricos do PDT começaram a recolher assinaturas hoje para forçar a autoconvocação do Diretório Nacional do partido. Essa reunião deveria ter ocorrido há duas semanas, mas foi abortada pelo Lupi em meio às denúncias de irregularidades na pasta. Na época, o ministro cancelou a reunião do Diretório para ganhar tempo e evitar um placar desfavorável para sua permanência no governo. Segundo Manoel Dias, não há previsão de data para uma nova reunião do Diretório Nacional do PDT.
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