Casa Civil
Gleisi defende a permanência do ministro
Em entrevista à radio CBN Curitiba, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), defendeu a permanência do ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT) no governo. A ministra se declarou satisfeita com os argumentos que Lupi tem usado em sua defesa. "A situação está relacionada diretamente à sua responsabilidade perante os fatos e capacidade de explicá-los e elucidá-los. Até agora ele tem apresentado explicações convincentes e austeras sobre as denúncias", disse. Gleisi esteve ontem em Curitiba para fazer o recadastramento biométrico de seu título de eleitor no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
PDT se contradiz sobre uso de avião
O surgimento de uma terceira versão, ontem, sobre quem pagou pelo avião que levou o ministro Carlos Lupi durante uma viagem ao Maranhão em 2009 pode ter fragilizado ainda mais a posição do pedetista. Acusado de ter viajado no avião pago por uma ONG beneficiária de convênios com o Ministério do Trabalho, Lupi, segundo aliados, pode na verdade ter pegado carona num voo de uma empresa.
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, permite a atuação de lobistas dentro do ministério para negociar a liberação do registro sindical. São ex-funcionários da pasta, alguns ligados ao próprio Lupi, que agem como intermediários, com livre acesso aos gabinetes, para acelerar processos, furar a fila de outros, negociar pendências e garantir para um sindicato parte do bolo anual de R$ 2 bilhões arrecadados com o imposto sindical. Quem paga o pedágio do lobby tem a promessa de jogo rápido, segundo sindicalistas ouvidos pela reportagem.
De 2007 até hoje, período em que Carlos Lupi está no comando da pasta, cerca de 1.120 entidades sindicais conseguiram registro. Na terça-feira passada, Lupi encontrou a lobista Martha Moreira de Freitas na reunião do Conselho Curador do FGTS, presidido pelo ministro. Ela é do Grupo de Apoio Permanente do conselho e ainda ganha dinheiro para cuidar os interesses dos 400 sindicatos filiados à Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) nos processos de registro sindical no ministério. Tem trânsito livre no gabinete da secretária de Relações do Trabalho, Zilmara David de Alencar, que recebe os pedidos de carta sindical.
A relação próxima da secretária com a lobista é antiga. A "consultora" Martha de Freitas, como ela se apresentou à reportagem, trabalhou no ministério até 2009. Admitiu, inclusive, que ajudou a fazer a Portaria 186, que estabeleceu em 2008 novas regras para o registro sindical. Hoje, ajuda sindicatos a consegui-lo. Procurada pela reportagem, ela disse: "Não cite meu nome pelo amor de Deus. Você quer f... com meu trabalho".
A lobista admitiu que sua influência é o segredo do negócio. "Se eu te falar que não tenho contato, estou sendo hipócrita. Ajuda porque tenho conhecimento, não vou utilizar meu conhecimento? Eu ajudei a fazer a portaria", disse. Ela não quis revelar quanto cobra para conseguir o registro.
Segundo sindicalistas ouvidos pela reportagem, a contratação desta intermediação abre caminho para agilizar os processos e, inclusive, barganhar o "preço" do registro, algo que o ministério sempre negou existir apesar de denúncias recorrentes. A Força Sindical, por exemplo, fez duas funcionárias do ministério, Samanta Costa e Monique Mondêgo, mudarem de lado. "Elas eram terceirizadas no ministério. Nós as levamos para trabalhar na Força para ajudarem a turma a montar sindicato", disse o presidente da central, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP).
O gabinete da secretária Zulmira Alencar recebe sempre a visita de outra "consultora", Nicole Goulart. Ela já trabalhou com a própria Zulmira e o ex-secretário Luiz Antônio de Medeiros no ministério, quando participava de reuniões sobre a carta sindical. Hoje, só mudou de lado da mesa. Agora, ela recebe dinheiro de sindicalistas para conseguir o registro. A "consultora" presta serviço para entidades ligadas a cooperativas. Procurada pela reportagem, a assessoria do ministério informou que "não dispõe de informações sobre a vida profissional de prestadores de serviços contratados por empresas interpostas".
Outro intermediário é o advogado João Alberto Graça, dirigente nacional do PDT. No dia 29 de outubro de 2007, Carlos Lupi o nomeou para ser o superintendente do Ministério do Trabalho no Paraná. Em junho de 2009, os dois viajaram juntos para Genebra, na Suíça, para um evento internacional.
João Graça deixou o cargo em julho daquele ano e passou a ser cortejado pelos sindicatos. O pedetista evita aparecer formalmente, prefere atuar nos bastidores. Mas um sindicato admitiu que contratou seus serviços. "O dr. João Graça nos auxilia nos processos. Ele nos ajuda desde 2009", disse Rogério Kormann, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Cooperativas Médicas do Paraná, que está com processo de registro em tramitação.
Interatividade
O ministro Carlos Lupi deveria ser afastado do governo? Por quê?
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