A primeira madrugada da discussão do impeachment, no plenário da Câmara, neste sábado (16), foi marcada pela diversidade dos argumentos dos que são favoráveis ao afastamento da presidente Dilma Rousseff e dos contrários à proposta. A sucessão tranquila dos discursos foi quebrada às 03h30, quando o deputado Wladimir Costa (SD-PA), na tribuna, suspendeu sua fala e disparou um rojão de confetes, cujo estampido assustou os poucos deputados e assessores presentes no plenário.
Cada partido tem direito a uma hora de discurso nessa fase do processo e, até às 7h, parlamentares de 16 legendas se manifestaram. Ao todo, 25 partidos têm direito à palavra. O cronograma está atrasado e os líderes, em especial da oposição, estão preocupados que a votação, no domingo (17), possa entrar na madrugada de segunda. Alguns partidos pró-impeachment, como o PSC, reduziram seu tempo para 40 minutos. E, ainda ao longo deste sábado, o plenário começará a ouvir 249 deputados inscritos para discutir o impeachment. Desse total, 170 são favoráveis ao processo e 79, contrários a ele. A oposição vai tentar diminuir esse número.
Nos discursos da madrugada, parlamentares da oposição e governistas se revezavam na tribuna. A Professora Dorinha Seabra (DEM-TO) citou os termos “coxinhas” e “mortadelas”. O primeiro termo é usado para identificar os opositores ao governo do PT e o segundo, os que lutam contra o impeachment.
“Preocupa-me muito este momento em que o nosso País está dividido e segregado entre pobres e ricos, entre negros e brancos, entre coxinhas e mortadelas, entre eles e nós”, disse a parlamentar. Também favorável ao impeachment, Marco Feliciano (PSC-SP) afirmou em seu discurso que quem votar contra o impeachment terá cometido suicídio eleitoral e listou uma série de sobressaltos que esse parlamentar passará no seu cotidiano.
“Seus filhos sofrerão bullying na escola, sua mulher não vai entrar no cabeleireiro e os vizinhos vão te olhar de soslaio “, disse Feliciano. Wladimir Costa, usando a bandeira do Pará como uma espécie de capa, amarrada no pescoço, comparou os petistas envolvidos em escândalos aos chefes de organizações criminosas. E surpreendeu ao lançar o rojão cheio de confetes, após afirmar que o que Lula e Dilma fazem é um “acinte”, uma “aberração”.“É um verdadeiro tiro de morte no coração, na alma do povo brasileiro”, afirmou.
Outro opositor do PT, Cláudio Cajado (DEM-BA) citou um trecho da canção “Da sagrada escritura dos violeiros”, do cantor e compositor Zé Ramalho. “Finalizo, inspirado no grande músico e poeta Zé Ramalho, que diz: cada um nasce com seu jeito, sua classe, seus estilos. Uns nascem para agradar; outros, para brigar; uns para negociar; outros, para enganar. O mundo é assim mesmo. Um é bom; o outro, ruim. E eu não tenho nada a dar”, afirmou Cajado. Os governistas criticaram muito o vice-presidente da República, Michel Temer, e o associou ao presidente Eduardo Cunha.
“Há uma articulação sinistra de Eduardo Cunha e Michel Temer. Um conluio. Eles tentam um atalho”, disse Orlando Silva (PCdoB-SP). Outro deputado comunista, Rubens Pereira Júnior (MA), também saiu em defesa de Dilma e diz que a presidente não cometeu qualquer crime de responsabilidade. “Não há um indicativo de crime ou ato de corrupção contra a presidente e, por isso, não pode haver impeachment”, disse Júnior.
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