Atualizado em 20/01/2007, às 17h34

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A vendedora Simone Cassiano da Silva, de 30 anos, foi considerada culpada por ter jogado a filha de 3 meses, dentro de um saco plástico, na Lagoa da Pampulha, há um ano, e foi condenada a oito anos e quatro meses de prisão, por tentativa de homicídio. A pena será cumprida em regime fechado. A sentença foi dada no início da tarde deste sábado, após 27 horas de julgamento no Fórum Lafayette, em Belo Horizonte.

A decisão dos sete jurados foi unânime. O advogado de Simone disse que vai recorrer do veredicto porque jurados teriam dormido, e testemunhas de acusação teriam se comunicado durante o julgamento. Por decisão da Justiça, a vendedora não poderá aguardar em liberdade. Ele foi levada para a Penitenciária Feminina Estevão Pinto, onde já está presa há um ano.

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O crime aconteceu em janeiro de 2006. Inicialmente, Simone foi comndenada a 12 anos e seis meses de prisão, mas o juiz Leopoldo Mameluque reviu a decisão. De acordo com ele, a ré contou com atenuantes por ter bons antecedentes, ser primária e ter boa conduta. O fato de a tentativa de homicídio ter sido contra a própria filha foi considerado um agravante. O juiz concluiu que o motivo do crime foi a decisão da vendedora de esconder a gravidez do namorado, já que ele não era o pai da criança.

Ataques durante o julgamento

Durante o julgamento, os advogados de Simone atacaram a promotoria, alegando falta de provas de que Simone teria jogado a menina na água. Eles tentaram desqualificar a investigação da Polícia Civil e alegaram que a vendedora teria cometido crime de abandono de incapaz. Neste caso, a pena seria de 4 a dez anos de prisão.

- A atitude da Simone foi o abandono da filha, mais nada. Aquela rejeição a que todas as mães estão sujeitas - alegou o advogado Mateus Vergara.

Já a acusação mostrou as roupas usadas pela criança no dia do crime, além do saco plástico e do pedaço de madeira que foi encontrado amarrado ao pacote. O promotor Luciano França da Silveira Júnior mostrou o ultra-som que confirmava a gravidez de Simone e contrariava o testemunho da ré, que alegou só saber da gestação no dia do parto. Para o promotor, o exame comprovava que Simone teria se livrado da criança para não admitir que teria traído o namorado.

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Conforme comprovado por um exame de DNA, a criança não é filha de seu então companheiro.Simone não explicou porque escondeu da família que tinha dado à luz a menina. A mãe chegou a dizer que vai pedir um novo exame de DNA e quer de volta a guarda da menina.

Simone permaneceu tranquila

Interrogada durante duas horas, Simone voltou a negar as acusações. Ela garante que só teria ficado sabendo do caso pela imprensa, e alegou problemas psiquiátricos.

- Se eu quisesse me desfazer dela, não ia ser dessa forma. Teria abandonado no próprio hospital pra doação - afirmou.

Ela disse que estava deprimida e entregou a menina a um casal de moradores de rua na beira da lagoa.

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- Entreguei lá pra ela. Depois parei um táxi e fui embora - disse.

A ré permaneceu a madrugada toda sentada e tranqüila. Só se emocionou quando foram exibidos vídeos com imagens do resgate da filha.

Aberta ao público, a sessão começou por volta das 9h20m de sexta-feira, com todos os 450 lugares do salão ocupados. Foram ouvidas cinco testemunhas de acusação e quatro de defesa.

A acusada chegou escoltada e algemada ao tribunal do júri. Afirmou que foi agredida pelo delegado quando presa e tentou explicar por que se referiu à filha como "essa droga de menina", na época da prisão.

- Eu relatei essa droga, a droga do fato, não a droga da minha filha - disse ela.

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O bebê, hoje com 1 ano e 3 meses, foi registrado com o nome de Letícia Maria Cassiano e vive com um casal que estava na fila de adoção, indicado pelo Juizado da Infância e da Juventude. A guarda da criança é mantida em segredo de Justiça.

Os pais de Simone não desistiram de recuperar a neta e entraram, em janeiro de 2006, com o processo de requerimento da guarda, que também corre em segredo de Justiça.

A filha de Simone foi encontrada na Lagoa da Pampulha em 28 de janeiro de 2006. No dia, um casal que fazia caminhada na orla da lagoa avistou um saco plástico boiando e ouviu um ruído. Pensando que fosse um animal, o casal retirou a embalagem da água e resgatou o bebê, então com dois meses, que já estava quase coberto pela água.

O resgate, filmado por um cinegrafista amador, ganhou repercussão nacional e internacional. A mãe, presa no dia seguinte, sempre negou o crime, mas na época ficou marcada por ter se referido à filha como "essa droga dessa menina".