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As preocupações de Delúbio Soares com a Justiça vão além do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-tesoureiro do PT também enfrenta uma acusação de liderar um grupo político num esquema de desvio de dinheiro público, a chamada máfia dos vampiros.

Uma ação penal sigilosa em curso na Justiça Federal em Brasília reproduz acusações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF) que conferem posição de protagonista a Delúbio, condição até hoje negada por sua defesa jurídica.

O petista, um dos 33 réus no processo, tentará derrubar provas que motivaram a imputação dos crimes de formação de quadrilha, fraude em licitação, lavagem de dinheiro e corrupção ativa por quatro vezes.

A Operação Vampiro, uma investigação sobre desvios bilionários de dinheiro no Ministério da Saúde, foi deflagrada em maio de 2004. No mesmo ano, o MPF fez uma primeira denúncia à Justiça. Com o aprofundamento da investigação, ganhou um aditamento em setembro de 2006, ocasião em que Delúbio passou a figurar como réu. Em relatórios da PF referentes à compra de hemoderivados e insulinas, policiais reproduziram documentos apreendidos para comprovar vínculos do ex-tesoureiro do PT com Laerte de Arruda Júnior, lobista de indústrias farmacêuticas e suspeito de arrecadar dinheiro de laboratórios para campanhas petistas.

A ação em que Delúbio é réu tramita há oito anos na 10ª Vara Federal em Brasília. Os 33 acusados de fraudar licitações para a compra de hemoderivados e insulina respondem pelo crime de formação de quadrilha, que pode estar prescrito. A pena máxima é de três anos de prisão. Neste caso, o crime prescreve em oito, a partir da aceitação da denúncia. Se a condenação for de até dois anos, a prescrição ocorre em quatro anos. Assim, Delúbio e outros réus estariam livres.

Entre os documentos listados nos relatórios da Polícia Federal, estão fotos de uma festa de aniversário em que aparecem o lobista Laerte Júnior, Delúbio, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-deputado federal Professor Luizinho (PT-SP), estes dois últimos também réus do mensalão. Genoino e Luizinho não foram investigados. Laerte Júnior, morto há dois meses, é citado pela PF como um dos quatro integrantes do núcleo político liderado por Delúbio.

Outro réu do mensalão, o publicitário Duda Mendonça, é citado pelo lobista em conversas telefônicas. Ele faz referências a uma possível entrada de Duda no Ministério da Saúde para desenvolver as campanhas do programa Farmácia Popular. O publicitário também não foi investigado pela PF.

Num pedaço de papel, lobistas de Brasília registraram uma informação que pode complicar a vida do ex-tesoureiro do PT. No documento estão anotados os nomes Delúbio, Zé Dirceu, uma seta e um percentual: 2%. O papel chegou às mãos de policiais federais em maio de 2004, mês em que foi deflagrada a Operação Vampiro. Um mandado de busca cumprido na empresa de segurança Phoenix, de propriedade de um dos principais lobistas investigados, Eduardo Pedrosa, resultou na apreensão do documento. Para o MPF, a anotação é um claro indicativo de pagamento de propina.

O papel, reproduzido nos relatórios da PF, cita os dois principais personagens do núcleo político do mensalão. Diante da falta de provas, as investigações sobre o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu foram arquivadas. Já o ex-tesoureiro do PT é citado dezenas de vezes em conversas telefônicas autorizadas pela Justiça.

O Delúbio pode ter conversado com uma pessoa ou outra, mas isso de organização criminosa é ficção da polícia - diz o advogado Arnaldo Malheiros Filho, que defende o petista na ação do mensalão.

Pedrosa também minimiza as acusações. Nas transcrições das conversas telefônicas, ele é um dos investigados que fazem referência a um grupo político e a outro operacional, supostamente capitaneado pelo ex-ministro da Saúde Humberto Costa. Ele foi absolvido pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 5ª Região: - O papel apreendido dizia respeito a uma pesquisa eleitoral em São Paulo. E as conversas sobre os dois grupos têm a ver com um empreendimento privado no Rio de Janeiro.

Não há qualquer previsão de sentença para o caso da máfia dos vampiros.

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