O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), defendeu ontem que os aposentados que ganham mais de um salário mínimo tenham um reajuste superior à inflação para recuperar o poder de compra. "Eu sou defensor de que nós precisamos encontrar um mecanismo de recuperação do poder de compra dos salários dos aposentados, o que significa conceder reajuste superior à inflação para aqueles aposentados que ganham mais que o mínimo", disse Maia, após almoço promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), em São Paulo.
A proposta de aumento real no ano que vem foi incluída no relatório do orçamento 2012, mas o porcentual de reajuste não foi definido. O governo reservou apenas a reposição da inflação deste ano pelo INPC, o que daria 5,7% de aumento. Mas os aposentados reivindicam 11,7% mais 80% do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Maia diz acreditar que o tema entrará nos destaques da votação do orçamento, a ser apreciado até 22 de dezembro. Segundo ele, é possível definir os recursos para o reajuste sem fechar de imediato o valor do aumento para os aposentados. "Vamos fazer isso tudo de forma responsável, identificando a receita e destinando a despesa. Não há mágica que se possa fazer no orçamento", ponderou.
Ética
O presidente da Câmara foi cobrado durante o evento por empresários paulistas sobre ética na política e o desfecho do caso da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF). Em agosto, a deputada escapou de um processo de cassação por quebra de decoro parlamentar. Maia disse que o Parlamento não pode se transformar numa delegacia de polícia, focada somente na investigação da vida pregressa dos deputados. "A Câmara não é uma delegacia de polícia", disse Maia.
Ao ser confrontado pelos empresários sobre a repercussão da absolvição da deputada, flagrada em vídeo recebendo dinheiro de um esquema de propina no governo do Distrito Federal, Maia afirmou que a Lei da Ficha Limpa já é um instrumento para barrar candidatos com problemas na Justiça e com histórico de corrupção. Para o presidente da Câmara, é difícil para o Parlamento cassar um deputado eleito democraticamente. "Como se cassa o mandato de alguém que a população reconduziu ao parlamento? Você está indo contra a vontade popular", justificou.
Os empresários também pediram o fim das votações secretas na Câmara dos Deputados. "Votar para cargo eletivo tem de ser secreto, fora disso deveríamos ter mais transparência", cobrou Dória Júnior. O presidente da Câmara afirmou que há casos em que o voto aberto é positivo, como nas votações de cassação de mandato, e que em outros tem um efeito negativo, como no caso de análise de vetos presidenciais. "Nem tudo o que é aberto é bom para a democracia", afirmou.
Interatividade
O governo deveria dar reajuste maior aos aposentados que ganham mais de um salário mínimo?
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