A maioria dos 30 deputados federais do Paraná avalia que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deve responder por quebra de decoro parlamentar e se afastar ao longo julgamento, caso comprovada a existência de contas secretas no nome dele ou de familiares na Suíça. Cunha é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento no escândalo de corrupção na Petrobras. Informações do Ministério Público da Suíça apontam que o peemedebista tem quatro contas que totalizam US$ 5 milhões no país europeu – ele negou o fato durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras, em março, e tem mantido a versão nos últimos dias.
Na corda bamba: Veja a opinião dos deputados federais do Paraná sobre Eduardo Cunha
Em levantamento feito pela Gazeta do Povo entre segunda (5) e terça-feira (6), 20 deputados disseram que, em caso de comprovação das contas, Cunha deve responder por quebra de decoro . Apenas Nelson Meurer (PP), também investigado pela Operação Lava Jato, disse que o processo não deveria ser aberto. E Sandro Alex (PPS) não se posicionou por ser membro do Conselho de Ética. Outros cinco afirmaram que não tinham opinião formada. Fernando Francischini (SD), Hidekazu Takayama (PSC) e Ricardo Barros (PP) foram procurados, mas não deram entrevistas.
Em uma segunda pergunta levada aos 30 parlamentares do estado, 15 falaram que Cunha deve ser afastado do cargo ao longo de um possível processo. Alfredo Kaefer (PSDB), Dilceu Sperafico (PP), Evandro Roman (PSD), Nelson Meurer (PP) e Rubens Bueno (PPS) declararam que não. Alex Canziani (PTB), Christiane Yared (PTN) e Hermes Parcianello (PMDB) não se definiram, enquanto Osmar Serraglio (PMDB) disse que não poderia responder à questão sem saber mais dados sobre as contas. Sandro Alex manteve o posicionamento de não se pronunciar.
Cunha é alvo, desde a quarta-feira (7), de representação por quebra de decoro levada à Corregedoria da Câmara por 29 deputados federais do PT (16), PSol (5), Rede (3), PSB (2), do PMDB (1) e um sem partido (Cabo Daciolo). Apenas dois deles são paranaenses – Aliel Machado (Rede) e Assis do Couto (PT).
A abertura do pedido, contudo, depende de deliberação da mesa diretora da Casa, presidida por Cunha. Se houver prosseguimento, o processo vai para o Conselho de Ética.
A representação pode levar à cassação do peemedebista, seja pela apuração do teor dos recursos encontrados nas contas ou por supostamente ter mentido no depoimento à CPI. Para que isso aconteça, no entanto, a decisão precisa do aval do Conselho de Ética e do plenário. Em todas as esferas, Cunha tem aliados – o corregedor, por exemplo, é Carlos Manato (ES), do Solidariedade, um dos partidos mais fiéis ao parlamentar.
“Se essa questão das contas for comprovada, vamos ser obrigados a começar a faxina por ele”, diz o deputado Valdir Rossoni (PSDB). O discurso dele casa com a nova orientação da direção nacional do partido, que deve desfazer a aliança com Cunha se houver provas de existência da conta. Mas deputados como Nelson Meurer afirmam que Cunha não pode ser afastado arbitrariamente. “Não podemos ferir o princípio da presunção da inocência.”
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