Especialista diz que falta informação
Autor do livro "Caos Partidário Paranaense", o cientista político e professor da PUC-PR, Mário Sérgio Lepre afirma categoricamente que há uma completa falta de informação dos deputados a respeito de posicionamento político-ideológico. Ele aponta, por exemplo, o conflito existente pela ausência de deputados que se consideram de direita em contraponto com a opção majoritária da liberdade em detrimento da igualdade. "A maioria dos membros da Casa posiciona-se no espectro político da esquerda o que deveria indicar uma preferência pelo valor igualdade", diz.
Respostas revelam fragilidade dos partidos, diz professor
O professor da PUC-PR e cientista social Cézar Bueno avalia que a fragilidade dos partidos brasileiros contém parte da justificativa pelas respostas e posicionamentos contraditórios dos deputados. As legendas não são suficientemente consistentes para submeter os candidatos eleitos aos seus programas ideológicos. "As maiores forças político-ideológicas da Assembléia Legislativa se intitulam de centro-esquerda e socialista. No entanto, a social democracia, enquanto força política parlamentar, sempre requereu a existência de um partido forte e de estreita colaboração com os sindicatos", explica.
"Esse negócio de direita e esquerda é mais pra sinal de trânsito", avalia o deputado estadual Edson Strapasson (PMDB). A afirmação integra as respostas que foram dadas pelos parlamentares a um questionário aplicado pela Gazeta do Povo, que apresenta o perfil da Assembléia Legislativa. Alguns políticos se mostraram surpresos com indagações sobre o posicionamento ideológico e outros tiveram dificuldade de responder. "Nunca me perguntaram isso", confessa o deputado estadual Francisco Bührer (PSDB), com mais de 20 anos de vida pública.
Foram apresentadas três questões aos deputados para abordar o posicionamento político, levando em consideração que as respostas indicam quais os critérios e princípios norteiam as decisões dos representantes do povo.
Para a primeira pergunta, 22 dos 54 deputados disseram que se consideram de centro-esquerda. Em segundo lugar apareceu a resposta centro e em terceira posição ficou a esquerda. Apenas quatro parlamentares indicaram tendências de direita. Nenhum se considerou extremo, nos lados opostos do espectro político.
O deputado Luiz Accorsi (PSDB) foi o único dos deputados que respondeu ao questionário da Gazeta do Povo que disse, sem titubear, que é de direita. Teria respondido assim porque não teme a pressão da opinião pública e tem posições bem claras e firmes. Outros parlamentares conservadores optaram pelas definições de centro-direita ou simplesmente centro.
O sociólogo e professor Marco Rossi, da faculdade Metropolitana de Londrina, afirma que a Assembléia tem tendências muito fortes de direita e que acredita que a maioria dos parlamentares optou por não assumir isso. A posição prioritária de centro-esquerda "é uma resposta simpática. Não se coloca como radical e ao mesmo tempo diz que defende a justiça social", analisa.
Os principais pilares que caracterizam a direita e a esquerda são, respectivamente, a liberdade e a igualdade e os deputados foram convidados a dizer qual dos dois princípios consideram mais importante. A maioria dos parlamentares 28 deles disse preferir a liberdade. A igualdade recebeu 20 indicações. E dois deputados não quiseram escolher. Dos integrantes da Assembléia Legislativa, quatro não responderam o questionário aplicado pela Gazeta do Povo. São eles: Fernando Ribas Carli (PSB), Mohamed Hamze Mamede (PMDB), Miltinho Puppio (PSDB) e Luciana Rafagnin (PT).
A deputada Cida Borghetti (PP) faz parte do restrito grupo que assume tendências liberais mais até do que integrantes do partido Democratas, antes denominado Partido da Frente Liberal (PFL). E não vê contra-senso algum em priorizar a igualdade em detrimento da liberdade. "O que eu defendo é a igualdade de direitos e não vejo conflito nisso", destaca. Na outra ponta, assumidamente de esquerda e socialista, o deputado Luiz Eduardo Cheida (PMDB) acredita que a liberdade é o princípio mais importante. "Todos os países do mundo que se disseram socialistas sucumbiram por falta de liberdade. Mas eu não defendo o socialismo burocrático. Acredito que é a liberdade combina com o pensamento de esquerda e socialista", justifica.
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