A Vigilância Sanitária de Goiás investiga dois casos de mulheres que passaram mal depois de passar pelo tratamento chamado de escova progressiva, usado para alisar os cabelos. Segundo a coordenadora de fiscalização de produtos do órgão, Valéria Rodrigues de Oliveira, uma mulher foi internada em Formosa, depois de ter cremes de alisamento aplicados nos cabelos, na semana passada. O outro caso aconteceu em Goiânia, mas ainda não há detalhes.
O tratamento virou alvo de críticas e de uma fiscalização mais intensa depois que a dona-de-casa Maria Ení da Silva, de 33 anos, morreu, na última terça-feira (20). Segundo a família, Maria Ení teve uma mistura de cremes e formol aplicada na cabeça no sábado (17), em um salão de Porangatu (GO), e foi orientada a ficar três dias sem lavar os cabelos. Na madrugada de terça, ela passou mal e morreu. A polícia investiga se houve intoxicação ou reação alérgica.
"O número de ligações para a Vigilância Sanitária aumentou 70% depois desse caso", diz Valéria. "As pessoas querem tirar dúvidas ou fazer denúncias de irregularidades nos salões de beleza."
A principal irregularidade informada pelas clientes, segundo Valéria, é o uso de formol. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe o uso de substâncias que tenham concentração de formol superior a 0,2%. Segundo a Anvisa, a exposição excessiva ao formol causa irritação nos olhos, queimadura nas vias respiratórias e, a longo prazo, pode causar câncer. As donas do salão onde Maria Ení fez a escova progressiva negam o uso desse produto.
Valéria diz também que recebeu informações de que vendedores ambulantes passam pelos institutos de beleza vendendo produtos que alisam os cabelos, mas não contêm rótulos. "Isso é um perigo. Não se pode usar uma substância sem saber detalhes de sua fórmula", afirma.
Investigações
As investigações sobre a morte de Maria Ení, em Porangatu, continuam. Os produtos usados pela dona-de-casa foram recolhidos do salão na semana passada. Além disso, o corpo dela foi exumado na quinta-feira (22) para a retirada de amostras do couro cabeludo, de fios de cabelo e das vísceras. O resultado dos exames deve sair nas próximas semanas.
Nesta segunda, a delegada Cynthia Christyane Alves da Costa deve ouvir novos depoimentos.
Enquanto isso, equipes das Vigilâncias Sanitárias dos municípios goianos e do estado estão realizando inspeções em revendedoras de cosméticos para localizar frascos do mesmo lote do produto de alisamento usado em Maria Ení. "Temos que analisar um frasco lacrado para verificar sua composição e depois confrontar com o material usado nos cabelos da vítima para saber se houve alteração", afirma.
Fiscalização redobrada
A Vigilância Sanitária de Goiás decidiu reforçar o cerco contra produtos irregulares nos salões de beleza. Valéria comenta que, desde o ano passado, são distribuídos folhetos aos cabeleireiros explicando os riscos do formol. "O formol é arriscado para o cliente, mas pode causar mais danos ao profissional que realiza três, quatro escovas por dia e fica o tempo todo em contato com a substância", explica.
O trabalho de orientação também inclui palestras aos responsáveis pela fiscalização dos salões. Nesta segunda-feira (26), a Secretaria Estadual da Saúde promove um curso sobre rotulagem de cosméticos para 30 pessoas.
Valéria diz que as denúncias à Vigilância Sanitária de Goiás podem ser feitas pelo telefone 0800-3506464.
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