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São Paulo (Folhapress) – Paulo Maluf, preso há 14 dias na Polícia Federal de São Paulo, acusou o delegado Protógenes Queiroz de "subornar" um doleiro para tentar incriminar a ele e ao filho Flávio. A declaração foi feita ontem por meio de nota assinada pela assessoria do ex-prefeito.

A acusação de Maluf é baseada em escutas telefônicas, feitas pela própria PF, que captaram conversas entre o doleiro Vivaldo Alves, o Birigüi (principal acusador do ex-prefeito), e um interlocutor não identificado.

Nos diálogos, Birigüi afirma que receberia um "presente" do delegado ao final do processo: "Do delegado, ele terminou dizendo para mim no final o seguinte: Olha, no final disso tudo, eu vou te dar um presente. Eu falei: Mas é material?. Ele falou: Lógico que não. Então eu entendi que ele vai me aliviar no inquérito dele".

Para a assessoria do ex-prefeito, a conversa "prova e deixa claro aquilo que já era evidente: o delegado subornou o doleiro com a promessa de livrá-lo de ser condenado, por meio dos benefícios da chamada delação premiada, desde que ele (Birigüi) mentisse e incriminasse Maluf e Flávio".

A degravação foi divulgada por advogados de Maluf na noite de quarta-feira, após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitar o pedido de liminar em habeas-corpus para o ex-prefeito e para o filho.

A conversa entre Birigüi e o interlocutor foi gravada no dia 11 de julho. Quatro dias antes, pela primeira vez, o doleiro havia acusado o ex-prefeito de remeter ilegalmente US$ 161 milhões para os EUA.

Ainda em julho, no dia 27, Maluf informou à Justiça que Birigüi o havia chantageado para não depor contra ele.

Na conversa gravada, o doleiro diz ainda que o delegado prometeu "não incomodá-lo" nos novos negócios. O interlocutor afirma que o ex-prefeito e filho "foram burros" por não terem paga uma quantia em dinheiro para o doleiro.

A PF divulgou nota ontem em que afirma que o único "presente" que foi proposto a Birigüi foi o benefício legal da delação premiada (redução de pena em troca de informações) e que essa proposta foi feita na presença de membros do Ministério Público, que entenderam também que o doleiro "colaborou satisfatoriamente com as investigações" .

A assessoria informou ainda que o próprio acesso que a defesa teve à conversa gravada "só vem demonstrar a isenção no trabalho da PF, ficando claro que não há nenhuma intenção de omitir qualquer áudio captado para beneficiar o investigado Vivaldo Alves".

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