No rastro do caso Paulo Maluf, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal iniciam esta semana mais três investigações com alvos milionários. O foco são bancos, doleiros e parte da direção da empreiteira Mendes Júnior, que teriam ajudado a família Maluf na conexão internacional irregular da lavanderia de US$ 161 milhões nos Estados Unidos.
Em princípio, não se lava dinheiro sem a participação de bancos. O nosso primeiro objeto foi Paulo Maluf, mas evidentemente há muitos bancos envolvidos nessa história diz o procurador Regional da República Pedro Barbosa, autor do pedido de prisão preventiva de Flávio e Paulo Maluf, detidos na PF.
Os indícios para a abertura da investigação, autorizada pela Justiça Federal, estão nos documentos enviados pelo Ministério Público dos Estados Unidos, na conta Chanani, no Safra National Bank de Nova York, que movimentou US$ 161 milhões em um ano e meio, além de desdobramentos em subcontas.
Outros filhotes do caso Maluf também serão investigados separadamente, como o publicitário Duda Mendonça, que teria recebido de Maluf pela subconta Eleven (Onze, como a legenda eleitoral de Maluf) e mandado o dinheiro para uma off-shore. No total, são cerca de 40 envolvidos, que serão investigados separadamente.
MP investigará dois bancos
Segundo Barbosa, os bancos têm responsabilidade pela movimentação dos seus clientes e têm setores especializados na detecção de movimentações de grandes quantias. Até agora estão decididas as investigações de dois bancos, em caráter sigiloso.
Veremos até que ponto os bancos deixaram de cumprir normas internas, regulamentações monetárias de cada país e até que ponto sabiam efetivamente que estavam sendo usados no esquema afirma Barbosa.
O procurador prevê que serão enfrentadas dificuldades no Brasil e no exterior durante as investigações. Ele lembra que nos processos criminais contra Maluf, foram enfrentadas várias dificuldades, principalmente por supostas tentativas de acobertamento.
É preciso dizer que essa investigação foi extremamente difícil. Houve até uma juíza federal, que está afastada do cargo, que prejudicou muito a investigação. Ela foi parcial, segundo o próprio Tribunal Federal declarou conta o procurador.
Justiça analisa compra de ouro
No caso da empreiteira Mendes Júnior, o Ministério Público Federal já sinalizou para a Justiça Federal que um caixa 2 da empreiteira em São Paulo beneficiou Maluf no exterior.
A ligação é direta. Mas não conseguimos ainda identificar todos os que participaram desse esquema. E agora vamos investigar os demais. Não podemos dizer todos, mas parte da diretoria da Mendes esteve envolvida. Tanto que pedimos investigação para iniciar o indiciamento dessas pessoas disse Barbosa.
A responsabilidade de bancos, empresas e funcionários públicos no caso Maluf também será alvo de investigação na área cível, segundo o promotor de Justiça Sílvio Marques. De acordo com ele, a investigação sobre os doleiros envolvidos nas operações do caso Maluf será focada também na aquisição de US$ 5 milhões em ouro pela família Maluf.
A compra foi feita por doleiros, na BM&F (Bolsa de Mercadorias e de Futuros), e as barras teriam sido enviadas ao exterior. Por meio dos doleiros, os Ministérios Públicos Federal e Estadual poderão descobrir a localização da fortuna que a família manteria no exterior. Eles também poderão ser indiciados pelo envolvimento com os supostos crimes da família Maluf.
Tanto para o procurador Barbosa como para o promotor de Justiça da Cidadania, Sílvio Marques, as investigações do caso Maluf deram bases para o Ministério Público investigar melhor os crimes de corrupção com conexões internacionais:
Nós aprendemos muito com os nossos erros, com os acertos. Talvez, de fato, o caso tenha aberto aí a possibilidade de os dois ministérios públicos trabalharem melhor nas buscas das provas internacionais.
As investigações do Ministério Público dos Estados Unidos também poderão trazer conexões aos Ministérios Públicos brasileiros, que não descartam a possibilidade de abrirem o leque para outros países.
Crimes da elite significam dinheiro no exterior. Agora, com o caso Maluf, temos mais experiência, novos instrumentos e contatos internacionais disse Barbosa.
A Mendes Júnior e o Grupo Safra negaram qualquer envolvimento no caso. Os advogados da família também contestam as acusações do Ministério Público Federal e do Ministério Público Estadual.
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