Nenhum dos 1.300 convidados que provavelmente lotarão neste sábado a Sala São Paulo, a partir das 20h, deve citar alguma das maiores façanhas do homenageado, o deputado Paulo Maluf (PP-SP), que estará comemorando 80 anos. Com todo requinte que a ocasião e o local requerem, a festa, organizada por sua mulher, Sylvia, terá um coquetel seguido por uma apresentação especial da Orquestra Sinfônica de São Paulo, a Osesp.
Um concerto da mais aclamada orquestra do país, no entanto, certamente não custaria nem 1% dos US$ 344 milhões que Paulo Maluf é suspeito de ter desviado durante sua gestão como prefeito de São Paulo, entre 1993 e 1996. Mas ao completar 80 anos, essa façanha e as dezenas de processos que responde na Justiça e que tratam de desmandos com o dinheiro público, poderão prescrever por causa da idade. Este sim um grande presente.
Mesmo tendo no currículo um mandado de prisão decretado nos Estados Unidos e todos os bens bloqueados no Brasil e em outros seis países, o "doutor Paulo", como gosta de ser chamado, deve atrair para sua festa deste sábado importantes personagens da cena política nacional. Quatro ministros, entre eles Mário Negromonte, das Cidades - envolvido nas últimas semanas em uma série de denúncias - que é de seu partido, já tinham confirmado presença nesta sexta-feira, assim como inúmeros senadores e deputados de vários partidos e estados.
Seu eleitorado fiel em todas as eleições, estimado em cerca de 15% dos paulistas, depositou 497.203 votos na eleição do ano passado, elegendo-o como o terceiro deputado federal mais votado de São Paulo, só perdendo para o recordista nacional Tiririca (1,3 milhão) e Gabriel Chalita (560 mil). Esse percentual malufista é considerado decisivo em qualquer eleição majoritária, por isso é paparicado e convidado, por meio do PP, a participar de governos.
No governo federal Maluf indicou o ministro Negromonte, das Cidades, e em São Paulo, no governo de Geraldo Alckmin (PSDB), o correligionário Antonio Carlos do Amaral Filho, para ser o presidente da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). O deputado não participa do governo municipal da capital, mas o prefeito Gilberto Kassab, que luta para viabilizar o seu PSD, deverá ser outro dos convidados especiais que estará na festa.
Popular ou não, Paulo Maluf virou verbete de dicionário. "Malufar: surrupiar, adulterar", como ensina o "Dicionário de Usos do Português no Brasil". Tão forte, o termo ultrapassou a barreira da língua portuguesa. "De tanto malufar, os Maluf foram presos" noticiou em 2005 o jornal francês "Le Monde", quando o ex-prefeito e seu filho, Flávio, foram presos e passaram mais de um mês na carceragem da Polícia Federal.
Símbolo da impunidade, para o qual é comum ser apontado o slogan "rouba mas faz", ele nunca foi condenado. O promotor Sílvio Marques, que investiga o ex-prefeito há mais de 10 anos, não concorda com essa ideia de símbolo:
- Improbidade não prescreve e o dinheiro está bloqueado. Maluf já foi símbolo da impunidade. Mas não é mais. Ele não pode sair do país porque é procurado nos Estados Unidos, passou 40 dias preso, todos os seus bens estão bloqueados. Você diria que isso é estar impune? Eu, por exemplo, não tenho nenhum desses problemas.
Em recado ao STF, Alcolumbre sinaliza embate sobre as emendas parlamentares
Oposição quer comando da comissão de relações exteriores para articular com direita internacional
Lula abre espaço para Lira e Pacheco no governo e acelera reforma ministerial
Trump diz que “definitivamente” vai impor tarifas à União Europeia
Deixe sua opinião