São Paulo - O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou ontem duas ações na Justiça Federal pedindo a responsabilização do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) e do senador Romeu Tuma (PTB-SP) pela ocultação de cadáveres de desaparecidos políticos no período da ditadura militar (1964-1984).
Os corpos teriam sido ocultados nos cemitérios de Perus e Vila Formosa, em São Paulo. De acordo com o Ministério Público, desaparecidos políticos foram sepultados nos dois cemitérios de forma totalmente ilegal e clandestina, com a participação do IML, do Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Dops) e da prefeitura de São Paulo.
Maluf, por exemplo, foi prefeito de São Paulo de 1969 a 1971.O MPF-SP aponta que ele ordenou a construção do Cemitério de Perus e que determinou a separação de quadras específicas para receber a ossada de "terroristas". Já Tuma foi chefe, entre 1966 e 1983, do Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Dops) órgão da polícia responsável pela repressão de inimigos do regime.
A ação também pede a responsabilização pessoal do ex-prefeito de São Paulo Miguel Colasuonno (1973-1975), do ex-chefe do necrotério Instituto Médico Legal (IML) Harry Shibata e do ex-diretor do serviço funerário municipal Fábio Barreto (1970-1974).
Na ação, o MPF pede que os cinco sejam punidos com a perda das funções públicas ou das aposentadorias. Pede ainda que eles sejam condenados a pagar uma indenização de 10% do patrimônio pessoal.
Na segunda ação civil proposta ontem, o MPF pede a responsabilização das pessoas físicas e jurídicas que contribuíram para que as ossadas de mortos e desaparecidos políticos localizadas no cemitério de Perus permanecessem sem identificação. São demandados na ação a União, o Estado, a Unicamp, a Universidade Federal de Minas Gerais, a Universidade de São Paulo e mais cinco pessoas.
Ridícula
Paulo Maluf chamou de "ridícula" a ação civil publicada ajuizada contra ele. "Depois de 39 anos, abordar de forma leviana um assunto dessa natureza é no mínimo uma acusação ridícula", afirmou ele em nota. Tuma, segundo sua assessoria, ainda não recebeu informações sobre a denúncia e não iria se pronunciar.
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