O ex-prefeito Paulo Maluf tem procurado ser agradável com os companheiros de cadeia. Quem conta é Rosana Paula Santos, 33 anos, mulher de um detento preso há três meses na Superintendência da Polícia Federal (PF) em São Paulo. O marido dela, que é português, foi acusado pela Justiça de Portugal de usar em benefício próprio o dinheiro da venda de um carro, que não lhe pertencia. Preso aguardando o processo de extradição, ele contou para Rosana sobre o contato que teve com o ex-prefeito.

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- Ele disse que o Maluf é uma pessoa extremamente inteligente, muito simpático, muito dado e falou para meu marido que gostava de portugueses - disse Rosana.

Segundo ela, o marido é formado em recursos humanos, pós-graduado em administração e fez MBA (curso de extensão universitária). Mesmo com toda a especialização, o marido de Rosana não desfruta de algumas vantagens que, segundo ela, Maluf estaria tendo acesso. Além disso, reclamou Rosana, o marido teve que ceder sua cela para dormir no chão devido a chegada de presos da operação Canaã, deflagrada na quarta-feira pela PF.

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Rosana diz que seu marido não acha a comida tão ruim quanto Maluf, que chegou a dizer que não daria a refeição da cadeia nem para um cachorro. Mas o frio, outra reclamação de Maluf, também incomoda seu marido.

- E não tem muita luz na cela, que é feita de concreto e não tem janelas - disse Rosana, que negou que o ex-prefeito esteja tão abatido quanto se diz. -

Acho que quando se entra (na cadeia) se perde a noção das coisas.

Tomar banho na cadeia só no chuveiro comum. De acordo com Rosana, os detentos tomam banho de dois em dois. Televisão só à noite, num aparelho comum durante cerca de duas horas. Mas a presença de Maluf alterou a rotina na cadeia, conta Rosana. As ligações telefônicas permitidas todas as quartas-feiras, foram suspensa essa semana. Além disso, o fato de pai e filho ficarem sozinhos numa cela, já que os outros três presos que estavam com eles foram retirados para outras celas, gerou revolta. Rosana diz que algumas celas tem até oito presos.

Nesta quinta-feira, foi dia de visitas na sede da PF. Além dos advogados, José Roberto Leal e Ricardo Tosto, Maluf recebeu o ex-presidente do PP paulistano, Jesse Ribeiro, e o vereador Agnaldo Timóteo (PP).

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- Maluf é um preso político em um país de pseudo-democracia. Maltratado, mal-alimentado, no meio de traficantes, atrás de uma grade. Isso é uma barbaridade em um país que se diz democrático. É para aliviar a barra em Brasília - disse o vereador, que usou carro oficial da Câmara Municipal para ir até a Superintendência da PF, na Lapa.

Depois de bater-boca e xingar os jornalistas, o vereador mostrou ainda mais irritação ao responder sobre o uso do carro oficial na visita.

- Estou trabalhando. Vim visitar o meu líder político. Vai extravasar seu ódio no inferno - afirmou.

Timóteo é o 28º em gastos com combustível na Câmara, segundo levantamento do 'Diário de S.Paulo'. Ele usou, em média, 275,9 litros de gasolina por mês em maio, junho e julho.

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