Manaus e todo o Leste do do Amazonas sofrem a estiagem mais severa dos últimos 103 anos, diz o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Carlos Nobre. De acordo com ele, a região Oeste também apresenta os menores índices pluviométricos dos últimos 60 anos.
- No que concerne ao Rio Negro, em Manaus, esta é uma seca que só tem paralelo nos últimos 103 anos. Ou seja, desde 1902, quando iniciamos registros de nível do Rio Negro. Já no oeste da Amazônia, esta é a estiagem mais severa dos últimos 50, 60 anos - estima.
Nobre explica que a seca ocorre por três fatores: aquecimento do Oceano Atlântico, redução da transpiração das árvores e a fumaça produzida pelas queimadas.
- A principal razão é o aquecimento do Oceano Tropical Norte, que está mais quente que a média em até dois graus. Essa água induz muitas chuvas na região e também um movimento ascendente - comum em locais com muita chuva. E tudo o que sobe tem que descer. Esse ar, que desce sobre a Amazônia, dificulta a formação de chuvas. Isso explica a grande extensão, severidade e duração desta seca bastante atípica - explica.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) em conjunto com o Inpe divulgaram nesta quarta-feira informações que indicam que a região amazônica deverá apresentar temperaturas acima da média histórica nos próximos três meses.
Os institutos também prevêem chuva abaixo da média no Amazonas e Acre nos próximos três meses. Já no restante da Região Norte deverá chover normalmente até janeiro, segundo o documento.
O texto informa também que o Sudoeste do Amazonas e do Acre "apresentam o menor índice pluviométrico nos últimos 40 anos, ultrapassando períodos como os de 1925-1926, 1968-1969 e 1997-1998, até então considerados os mais intensos".
De acordo com o documento, a pouca chuva contribuiu para redução dos níveis dos rios. "Na análise dos níveis médios do Rio Negro em Manaus, desde 1903 até setembro 2005, observa-se que valores muito baixos aconteceram também nos anos de 1925-26 (ano de El Nino), e em 1963-64. Nos meses de verão de 2005, os níveis do Rio Negro foram em média de 1,5 a 2 metros acima do normal, e a partir de agosto os valores chegaram até 4 metros abaixo do normal".
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