Brasília (Folhapress) O Conselho de Ética da Câmara aprovou, por unanimidade, o relatório do deputado Jairo Carneiro (PFL-BA) que pede a cassação de Roberto Jefferson (PTB-RJ), envolvido no escândalo do mensalão. A decisão precisa ser ratificada pelo plenário da Câmara. Quatorze deputados, de sete partidos (PT, PMDB, PFL, PSDB, PP, PL e PSB) acolheram o parecer do relator. Ninguém foi contra. O único a defender Jefferson foi Nelson Marquezelli (PTB-SP), que é suplente e não teve direito a voto.
O pedido de cassação agora segue para a Mesa Diretora da Câmara. O presidente da Casa, Severino Cavalcanti (PP-PE), tem duas sessões para colocar o relatório em pauta, o que deve acontecer na próxima terça-feira.
Como a semana que vem é considerada "morta" em razão do feriado, o pedido deve ser votado na semana seguinte, mas se houver quórum alto. São necessários pelo menos 257 votos, em pleito secreto, para a cassação ser consumada.
A tese que prevaleceu ontem acabou tendo pouca relação com o mensalão em si. Jefferson foi considerado réu confesso por ter admitido tráfico de influência em estatais e recebimento de dinheiro (R$ 4 milhões) de caixa 2 do PT. Todos os deputados concordaram com esses argumentos e os utilizaram para apoiar o parecer.
Mas o ponto relativo ao mensalão foi bem mais polêmico. Carneiro reafirmou que não encontrou provas do fato específico denunciado por Jefferson, o pagamento mensal de R$ 30 mil para deputados do PP e do PL.
Isso pode abrir caminho para ajudar outros citados no suposto esquema, principalmente José Dirceu (PT-SP), apontado como mentor do mensalão.
"(O parecer) não considerou as provas suficientes para um convencimento seguro da existência do esquema de mensalão nos termos denunciados pelo representado (Jefferson)", afirmou o relator.
A aprovação do parecer foi considerada importante para influenciar os próximos processos. "Esse julgamento vai ser um divisor de águas. Quando chegar ao plenário, será um sinalizador se iremos ou não julgar as coisas com coerência", disse Gustavo Fruet (PSDB-PR).
Relator do processo contra Dirceu, Júlio Delgado (PSB-MG) disse que o voto é "balizador" dos demais. "Reforça que há repasses periódicos. Quem se beneficiou deles ou os organizou fica numa situação difícil."