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Duas manifestações marcaram ontem o aniversário de um ano da queda da ponte sobre a represa Capivari-Cachoeira, em Campina Grande do Sul, região metropolitana de Curitiba. Uma delas ocorreu durante a manhã sob a forma de um protesto na BR-116, onde caminhoneiros e transportadores distribuíram pedaços de bolo para os colegas de profissão que passavam pelo local (leia mais no texto ao lado). A outra manifestação foi mais velada: a viúva do motorista do caminhão que caiu na represa no momento do desabamento conta que ainda não recebeu a pensão vitalícia decretada pela Justiça e que passa por dificuldades financeiras para garantir o sustento da família. Na noite de 25 de janeiro de 2005 o acidente provocou um congestionamento de 26 quilômetros na principal ligação entre Curitiba e São Paulo, sem falar na morte do caminhoneiro e nas três pessoas que ficaram feridas.

Além de ter de lidar com a dor da perda do marido, a dona de casa Ione Nascimento, 57 anos – viúva do caminhoneiro Zonardi José do Nascimento, de 63 anos –, está há um ano dependendo da ajuda de familiares e amigos para sobreviver. A sua realidade não seria muito diferente da de milhões de brasileiros que passam diariamente por dificuldades, não fosse o descaso pelo qual está passando. De acordo com uma decisão judicial, concedida por meio de uma tutela provisória, dona Ione deveria estar recebendo do Departamento Nacional de Infra-Estrutura em Transportes (Dnit) uma pensão vitalícia no valor de R$ 2.333, desde o dia 5 de novembro de 2005.

"A advogada deles [Dnit] me ligou perto do Natal, dizendo que estaria depositando em janeiro e depois me ligou novamente dizendo que a pensão só vai chegar no dia 5 de fevereiro." Caso não receba o montante, a viúva promete ser mais enérgica na cobrança e sugere até mesmo o bloqueio da rodovia. A assessoria de imprensa do Dnit confirmou que Ione já deveria ter começado a receber o pagamento, mas que ele só foi incluído na folha do mês de janeiro, sendo efetivado no início de fevereiro.

Mesmo com o recebimento da pensão, a viúva lembra que o dinheiro não será suficiente para pagar boa parte das dívidas adquiridas. A dona de casa e sua família ajuizaram três tipos de ações – uma pedindo a pensão vitalícia, outra reclamando indenização por danos morais e a terceira reivindicando o pagamento do caminhão Volvo destruído no acidente, que havia sido comprado cinco meses antes pelo marido e hoje valeria cerca de R$ 120 mil reais. "Vendemos a nossa casa para comprá-lo", lembra. Ione ainda tem de pagar 17 parcelas mensais de cerca de R$2 mil reais para quitar o financiamento. "Amanhã [hoje] mesmo está vencendo uma prestação, e ainda não sei como vamos pagar. Sem contar que estou devendo condomínio e empréstimos que nossos parentes fizeram para nos ajudar."

Sem renda mensal, a viúva está depedendo da ajuda do filho Zonardi do Nascimento Filho, 36 anos, que também é caminhoneiro. "Ele tem de trabalhar dia e noite para conseguir nos ajudar e não pode deixar o nome ser protestado, se não não consegue pegar carga", ressalta.

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