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4,0 e 3,6 são as notas que os brasileiros deram, de 0 a 10, para a atuação, respectivamente, da presidente Dilma Rousseff e dos governadores em relação às manifestações de rua, segundo pesquisa CNI-Ibope.

Se as demandas da população durante as manifestações de junho fossem uma prova para medir a reação dos governantes, haveria reprovação em massa. Dados da pesquisa CNI/Ibope divulgados na quinta-feira passada mostram que os brasileiros dão (de zero a dez) nota 4,0 e 3,6, respectivamente, para as respostas que a presidente Dilma Rousseff e os governadores deram para as reivindicações das ruas. Entre os paranaenses, a pontuação é ainda mais baixa – 3,1 para o governador Beto Richa (PSDB) e 3,0 para Dilma.

A pesquisa ainda revelou uma frágil avaliação positiva das gestões federal e estadual – o índice dos que consideram bom ou ótimo o governo da presidente ficou em 31%, e o de Richa em 41%. Tudo isso somado indica que as manifestações "zeraram" o jogo eleitoral de 2014.

O novo

Os benefícios de concorrer à reeleição – como a maior exposição e o controle da máquina administrativa – correm o risco de ser neutralizados pela sensação generalizada de descontentamento com os governantes. "Todo esse cenário só é bom para o novo. Mas quem é e, principalmente, o que é esse novo que as pessoas querem?", questiona o diretor do Instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo.

No Paraná, a mais provável adversária de Richa na sucessão estadual, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), tem a imagem colada à da presidente e assimila indiretamente a queda de popularidade de Dilma. Outro possível concorrente, o senador Roberto Requião (PMDB), já foi três vezes governador do estado. "Parece que, no fundo, o novo é não ter um passado político", complementa Hidalgo, lembrando o exemplo do prefeito de Londrina, Alexandre Kireeff (PSD), que venceu a eleição de 2012 baseado em uma imagem de "outsider" (alguém de fora da política).

Cientista político do Ins­tituto de Ensino e Pesquisa de São Paulo, Carlos Melo também cita que há espaço para novidades, mas que talvez não haja tempo suficiente para que essas opções se consolidem. O prazo de filiação partidária para os candidatos que pretendem participar do pleito de 2014 acaba em 5 de outubro. "De onde vem esse algo novo, de partidos que não têm credibilidade?", questiona Melo.

Na disputa presidencial, a situação é similar à paranaense. Entre os principais possíveis adversários de Dilma, poucos têm o perfil de novidade. Os que mais se aproximam são o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e a ex-senadora e candidata ao Palácio do Planalto em 2010 Marina Silva, que ainda não conseguiu fundar seu novo partido, a Rede. "Costumo dizer que a água não ferve de uma hora para outra; ela vem esquentando há algum tempo. Os quase 20% dos votos que a Marina fez em 2010 já mostravam que a polarização entre PT e PSDB não ia bem", diz Melo.

A cientista política Lu­ciana Veiga, da Uni­versidade Federal do Paraná, afirma que há uma "janela de oportunidade" para os novatos, mas destaca que ainda há tempo para os governantes reverterem o quadro atual. "Houve uma mudança generalizada de percepção das pessoas com os serviços públicos nos últimos três meses. Mas isso não quer dizer que os serviços públicos, em si, tenham piorado tanto de uma hora para outra", diz a professora.

Luciana afirma ainda que o esfriamento das manifestações pode fazer com que as pessoas recobrem, ao menos em parte, a avaliação anterior que faziam dos serviços e dos governantes. "Isso só pode ser atrapalhado por novas manifestações. Se elas se repetirem em junho do ano que vem, na Copa do Mundo, aí a situação fica bem mais difícil [para os governantes]."

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