Manifestantes de centrais sindicais entraram em confronto com a Polícia Militar nesta terça-feira, em Brasília, após um pequeno grupo decidir bloquear o acesso de veículos à entrada da Câmara dos Deputados. Em frente ao Congresso Nacional, pessoas vestidas com uniforme da Central Única dos Trabalhadores (CUT) deram bandeiradas em PMs, e a força policial revidou com spray de pimenta e golpes de cassetete.
SP inicia dia de protestos contra terceirização e sucateamento do SUS
Leia a matéria completaOs manifestantes protestam contra o Projeto de Lei 4330, previsto para ser votado nesta terça-feira, que regulamenta contratos de terceirização no mercado de trabalho. Segundo a Polícia Militar, cerca de 350 pessoas estão no local. Os organizadores estimam que o número é de 5 mil. A segurança na região foi reforçada com 350 policiais. Nesta terça, as centrais sindicais realizam protestos em dez estados e no Distrito Federal.
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Parlamentares são atingidos por gás de pimenta em confronto em Brasília
Ao menos dois parlamentares foram feridos durante o confronto entre a Polícia Militar e manifestantes contrários à votação do projeto de terceirização na Câmara dos Deputados. O ex-líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (SP), foi atendido no ambulatório da Câmara depois de ser atingido por spray de gás de pimenta. O deputado Lincoln Portela (PR-MG) sofreu um corte na boca, que atribuiu aos manifestantes, e foi também atingido por spray de pimenta.
Os policiais fizeram um cordão de isolamento em frente ao espelho d’água do prédio do Congresso para impedir o acesso dos manifestantes. Carros que estavam estacionados próximos ao local da manifestação foram também depredados. Os manifestantes contabilizam dois feridos e um detido. Segundo Jobert Fernando de Paula, do Sindieletro de Minas Gerais, os dois feridos já estavam dentro do Congresso. Eles foram levados para a enfermaria da Câmara. Já o detido foi preso ao tentar invadir a Câmara.
Segundo a PM, foram os manifestantes que iniciaram o confronto. “Eles atiraram pedras grandes e paus nos policiais. O que houve foi a contenção dos meliantes e a utilização proporcional da força”, informou o capitão Hélio Chagas, que comanda a operação em frente ao congresso.
Questionado sobre o fato de o deputado Vicentinho ser atingido por gás de pimenta, ele afirmou que foi Vicentinho quem se dispôs a ficar ao lado dos manifestantes contra a polícia. O policiamento na Esplanada dos Ministérios foi reforçado e já chegaram mais homens da polícia ao local.
Em São Paulo, o primeiro ato começou por volta das 9h30. Cerca de 200 pessoas se reuniram em frente à Secretaria Estadual da Saúde e ao Hospital das Clínicas, no bairro de Cerqueira César, numa manifestação contra o sucateamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e o Projeto de Lei 4330, que libera a terceirização para todas as atividades das empresas. Manifestantes também se reúnem em mais dez estados: Alagoas, Acre, Amapá, Bahia, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Maranhão.
O maior protesto em São Paulo começou às 13h. Segundo a Central Única dos Trabalhadores (CUT), uma das 22 entidades que convocaram as manifestações, a expectativa é reunir até 10 mil pessoas na Praça da República, no Centro. Quem vai às ruas também protestará contra o ajuste fiscal do governo, a corrupção e fará atos em defesa da Petrobras.
A CUT ameaça o governo Dilma caso o Projeto de Lei 4330 seja aprovado, em protesto que mobilizou bem menos militantes que no mês passado - cerca de 400 pessoas, segundo estimativas da Polícia Militar. A entidade nem chegou a fazer um balanço.
O presidente da CUT-SP, Adi dos Santos, afirmou que as centrais sindicais vão reagir fortemente em caso de aprovação do projeto da terceirização. - Este projeto precisa ser enterrado. Ela (Dilma Rousseff) precisa discutir com as centrais. Não vamos aceitar nenhuma medida unilateral desse governo. Se for aprovado, a movimentação será mais forte e permanente em todo o estado - disse o presidente. O projeto regulamenta contratos de terceirização no mercado de trabalho.
Ela falou ainda que haverá “reação nas ruas”. - Se a Dilma sancionar, ela vai ter a reação nas ruas. Nós vamos reagir e ela sabe disso. O governo não teve coragem de mexer nesse projeto e passou para o Congresso sem dialogar - falou Adi dos Santos.
Além de protestar contra a terceirização, os manifestantes desta manhã dizem estar fazendo um ato pelo Dia Mundial da Saúde. Do Hospital das Clínicas, eles caminharam em encontro aos demais manifestantes no Centro de São Paulo para o maior ato. De manhã, segundo a Polícia Militar, há cerca de 400 pessoas no local.
Em Alagoas, cerca de 50 pessoas, segundo a PM, participam de ato pacífico em Maceió também contra o Projeto de Lei 4330. Em Amapá, o número de pessoas é o mesmo, segundo a CUT estadual. Eles estão reunidos na Praça da Bandeira, no Centro de Macapá, em um protesto previsto para terminar por volta das 12h.
No Rio Grande do Sul, trabalhadores das centrais sindicais também protestavam contra a terceirização em um ato no Aeroporto Salgado Filho e na Esquina Democrática, no Centro de Porto Alegre. Cerca de 30 pessoas participaram, segundo a Brigada Militar. Para as categorias envolvidas, eram 50 pessoas no local.
Os manifestantes começaram a se concentrar durante a manhã na Catedral Metropolitana de Brasília. Eles vieram em vários ônibus de procedências distintas, como São Paulo e Goiás. Por volta das 13h, os protestantes caminharam em direção ao Congresso. Eles gritavam palavras de ordem e carregavam faixas com dizeres como “Não ao PL 4330, ele vai acabar com o seu emprego” e “Trabalho descente já! Precarização, não!”.
O projeto de lei 4330 prevê a contratação de serviços terceirizados para qualquer atividade e não estabelece limites ao tipo de serviço que pode ser alvo de terceirização. Além disso, prevê a forma de contratação tanto para empresas privadas como públicas. A CUT teme que o projeto leve à precarização das relações trabalhistas. Tanto que está chamando os protestos programados para esta terça de “Dia Nacional de Luta em Defesa da Classe Trabalhadora”.
Segundo centra sindical, também participam dos atos entidades como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a União Nacional dos Estudantes (UNE), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e a Central de Movimentos Populares (CMP).
Na Bahia, os manifestantes se reuniram em frente à Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) e encerraram a manifestação por volta das 10h10.
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