Os organizadores do ato em São Paulo contra o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) neste sábado (6) pediram ajuda da polícia para excluir de sua passeata grupos que pediam a intervenção militar.
Assim que a manifestação começou a percorrer a avenida Paulista, em direção à rua da Consolação, a Polícia Militar fez um cordão de isolamento, obrigando os manifestantes que carregavam faixas de apoio a uma intervenção militar a permanecerem pareados em frente ao Masp, onde os grupos estavam concentrados.
Apesar da mobilização de políticos nas redes sociais, o número de manifestantes no ato deste sábado se assemelha ao de atos passados.
Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Militar, a concentração do protesto no Vão Livre do Masp, na Avenida Paulista, reuniu cerca de 800 pessoas.
O músico Lobão, que se tornou uma espécie de símbolo dos atos contra o governo da petista, disse que não iria se juntar à caminhada enquanto os defensores do golpe ocupassem o mesmo espaço que os demais manifestantes. Com uma fala inflamada, ele cobrou a presença dos políticos que usaram as redes sociais para mobilizar pessoas a participarem do ato.
"Cadê os parlamentares? Só tem 'inimigo' aqui. Cadê o Aécio, o Caiado? Se eu passo aqui e vejo esse pessoal, acho que é tudo a mesma coisa. Estou pagando de otário." Após a saída de Lobão, o deputado José Anibal disse que os parlamentares têm muitas atividades no fim de ano, mas estão mobilizados contra a corrupção. "O Aécio não disse que viria, fez um chamado, mas não disse que estaria aqui."
O grupo que defendia a intervenção se separou por volta das 16h. Em número visivelmente menor que o grupo principal, eles gritavam falas violentas, prometendo dar "um tiro" no ex-presidente Lula. "Se fosse preciso, eu daria", disse Miguel Apolinário, 59, publicitário.
Houve um princípio de confusão entre os grupos. "Eu não posso dividir o microfone com quem há cinco minutos disse que são os militares que vão resolver isso. Essa não é nossa causa." Rogério Chequer, um dos organizados do movimento Vemprarua.
Os manifestantes levavam cartazes contra a corrupção e de apoio a Sergio Mouro, juiz responsável pelo processo da Operação Lava a Jato na primeira instância, e de condenação à aprovação do projeto que autorizou o governo a descumprir a meta fiscal.
"O que me traz a todas as manifestações é a minha indignação, minha vergonha desse governo corrupto. Não sou elite, sou a trabalhadora", disse Crtistiane Tolo, dentista, de 59 anos.
No carro de som também houve críticas à mídia. Os organizadores acusam a imprensa de desqualificar os atos. "Tem muito repórter querendo matéria sensacionalista, hoje não, exigimos respeito."
Convocação
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) e outros líderes da oposição ao PT no Congresso gravaram vídeos convocando pessoas a comparecerem ao protesto contra o governo e a presidente Dilma Rousseff.
Ressaltando que a manifestação deve acontecer "nos limites da democracia", Aécio disse que a mobilização é a "arma que nós temos e eles não têm" para mudar o país. "Pois é, nós já dizíamos que o escândalo da Petrobras era o maior caso de corrupção da história do Brasil. Mas a coisa não para de crescer e agora nós estamos sabendo que não era apenas na Petrobras", diz o senador no início do filme.
Aécio disputou e perdeu a Presidência da República contra Dilma este ano. Desde então, tem feito incontáveis críticas e ataques à gestão da petista. Os depoimentos do mineiro e de outros políticos foram publicados nas redes sociais na página "vemprarua.org.br".
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