Um grupo de generais da reserva do Exército divulgou na sexta-feira um manifesto de repúdio ao ministro da Defesa, Celso Amorim, e com duras críticas à atuação da Comissão Nacional da Verdade. Assinado por 27 oficiais que atingiram o posto máximo da hierarquia militar, muitos deles com postos de prestígio ou de comando na ditadura (1964-85), o documento diz que Exército, Marinha e Aeronáutica não devem qualquer pedido de desculpas pelos crimes cometidos nos 21 anos de regime autoritário.
"Abominamos peremptoriamente a recente declaração do senhor ministro da Defesa à Comissão Nacional da Verdade de que as Forças Armadas aprovaram e praticaram atos que violaram direitos humanos no período militar", afirma a nota.
A divulgação do manifesto é uma resposta a um ofício encaminhado por Celso Amorim à Comissão Nacional da Verdade, na última semana, admitindo pela primeira vez que as Forças Armadas não têm condições de negar a ocorrência de mortes, torturas e desaparecimentos durante a ditadura.
O manifesto diz que a violência no período da ditadura partiu da esquerda armada. "Vivíamos uma época de conflitos fratricidas, na qual erros foram cometidos pelos dois lados." Os militares afirmam ainda que a Comissão da Verdade "açula" as Forças Armadas ao investigar somente os crimes cometidos pelo Estado. "Temos orgulho do passado e do presente de nossas Forças Armadas. Se houver pedido de desculpas, será por parte do ministro. Do Exército de Caxias não virão! Nós sempre externaremos a nossa convicção de que salvamos o Brasil!", conclui o manifesto.
Procurado, o Ministério da Defesa não se manifestou. Questionada sobre o manifesto, a presidente Dilma Rousseff não respondeu, mas afirmou que haverá um posicionamento do Estado brasileiro.
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